Dra. Priscila Nazaré da Silva Neves
São Paulo, SP
INTRODUÇÃO
As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no mundo e no Brasil. Segundo estimativas, bilhões de pessoas já tiveram contato com vírus das hepatites e milhões são portadores crônicos.¹
Os cirurgiões-dentistas apresentam risco de contaminação por alguma forma de hepatite duas vezes maior do que a população em geral. Pois o contágio se dá pela transmissão por fluidos corporais contaminados, que são freqüentemente manipulados por estes profissionais, tais como: sangue, e saliva além de materiais perfuro-cortantes. O risco de transmissão ocupacional para um profissional de saúde não imunizado varia de 2% a 40%. 2,3
Assim, a execução de medidas preventivas como o uso de equipamentos de proteção individual e a vacinação, se torna essencial, uma vez que reduz significativamente o risco de desenvolver a infecção.²
Considerando o alto risco de contaminação desta patologia entre os profissionais da saúde e a crescente preocupação da comunidade odontológica acerca da biossegurança e controle de infecções, surge a necessidade de se aferir o conhecimento dos egressos dos cursos de Odontologia da cidade de Belém-Pará acerca desta doença, bem como as medidas de prevenção aplicadas.
Conhecer a postura dos egressos dos cursos de Odontologia permitirá à comunidade científica refletir sobre as informações repassadas e da conduta empregada por acadêmicos e profissionais.
OBJETIVO
Este estudo objetivou verificar o conhecimento acerca das Hepatites B e C, a “cobertura vacinal” contra a Hepatite B, bem como suas formas de prevenção entre os egressos dos cursos de Odontologia da cidade de Belém–Pará.
METODOLOGIA
O trabalho foi previamente submetido e aprovado pela Comissão de Bioética da Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal do Pará (parecer nº 005/2010) e pelo Comitê de Ética em pesquisa em seres humanos do Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Pará (Carta Provisória: 031/10 CEP-ICS/UFPA).
A população de estudo se constituiu de 112 acadêmicos que cursavam o último ano do curso, sendo 48 acadêmicos do Centro Universitário do Pará e 64 acadêmicos da Universidade Federal do Pará.
Para a coleta de dados foi aplicado um questionário com questões abertas e fechadas abordando assuntos relativos ao conhecimento acerca das vias de transmissão, sintomas, prevenção, cobertura vacinal das doenças hepatite B e hepatite C.
RESULTADOS
De um total de 158 alunos, 112 aceitaram participar desta pesquisa, representando 29,11% de perda de informação. Dos que aceitaram participar da pesquisa, 48 (42,86%) acadêmicos estavam matriculados no Centro Universitário do Pará e 64 (57,14%) acadêmicos na Universidade Federal do Pará.
A média de idade da amostra estudada foi de 23,67 anos (+2,73), sendo 20 anos a idade mínima e 36 a máxima. Neste estudo houve predominância do gênero feminino (47 (73%) mulheres na UFPA e 40 (83%) mulheres no CESUPA).
No que diz respeito à imunização, 28 (25%) dos entrevistados relataram não ter completado todo o ciclo de vacinação contra a Hepatite B . Este dado é preocupante, uma vez que a vacinação é a forma mais eficaz de prevenção da doença.
No que diz respeito à orientação quanto à prevenção de doenças infectocontagiosas e as formas imunização, a maioria (70; 63%) dos entrevistados declarou ter recebido orientação nas próprias faculdades, de diversas formas.
Quando questionados acerca dos meios de contaminação das Hepatites B e C, os acadêmicos demonstraram estar bem informados neste aspecto. Cada entrevistado citou de um a três tipos, sendo que os mais citados foram o contato com o sangue ou saliva, relações sexuais e ainda os acidentes pérfuro-cortantes com materiais contaminados.
Os conhecimentos dos acadêmicos sobre a sintomatologia das Hepatites B e C. Através da aplicação do questionário pode-se observar que um número significativo dos acadêmicos entrevistados (43; 38,39%) desconhece os sintomas das duas doenças.
Quanto aos meios de prevenção de contágio para as Hepatites B e C, assim como para outras doenças infecciosas os acadêmicos estão bastante informados. A maioria dos acadêmicos entrevistados (79; 70,5%) conhece e aplica as normas de Biossegurança. Além disso, os entrevistados sabem que é preciso se vacinar para se proteger contra Hepatite B e fazer uso de preservativos para a prevenção das duas doenças.
CONCLUSÃO
• Os egressos dos cursos de Odontologia da cidade de Belém-Pará conhecem as Hepatites do tipo B e C, no que concerne às formas de contaminação, sintomatologia e prevenção;
• A cobertura vacinal entre os concluintes do curso de Odontologia da cidade de Belém-Pará é significativa, mas ainda pode ser melhorados por meio de campanhas e orientações nas instituições de ensino onde estes se encontram matriculados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Hepatites Virais: o Brasil está atento. 3ª ed. Brasília. 2008.
2.ZENKNER, CLL. Proposta de Gestão de Riscos para o Controle de Infecção, a partir do diagnóstico de Biossegurança, nas clínicas do curso de odontologia da UFSM. Dissertação de Mestrado. Santa Maria/RS, 2006.
3.THOMAZINI, EM. Biossegurança: Controle da infecção cruzada na prática odontológica. FOP_UNICAMP. Piracicaba, 2005
Cirurgiã dentista formada pela Universidade Federal do Pará, pós graduada em Odontologia hospitalar pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e em Cirurgia Oral Menor... Leia mais
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