Dr. Márcio Oliveira Lara
Águas Vermelhas, MG
Daphene Ozelame Costa | 10 jul. 2017
Desde o início dos anos 90, houve um aumento significativo na prevalência de erosão dentaria. Este fato foi observado em crianças e adolescentes de diversos países, mudando a percepção da importância para a pratica clínica e para pesquisas.
Atualmente, alguns estudos vêm demonstrando um aumento da sua frequência em crianças. Isso acontece porque houve também uma mudança no padrão de consumo de bebidasingeridas por elas. Sucos de frutas e refrigerantes são cada vez mais frequentes. Os de laranja e uva, por exemplo, estão entre os preferidos pelas crianças e geralmente são vistos como opções saudáveis pelos pais.
No entanto, o seu consumo frequente traz riscos não só pela quantidade de açúcar (principalmente no caso dos sucos artificiais), que predispõe ao aparecimento da cárie. Mas, também pela sua acidez, que pode levar a erosão dentária. O mesmo pode ser dito dos refrigerantes, que são ainda mais ácidos.
Desgaste dentário
Existem três tipos principais de desgaste dentário, que também são conhecidos como lesões não-cariosas:
É importante dizer que ambos ocorrem simultaneamente na cavidade oral. Portanto, é difícil identificar uma lesão não cariosa como sendo uma delas em especifico.
Um exemplo prático para entenderem melhor: Uma criança toma suco de laranja, os seus dentes poderão sofrer erosão pela bebida ácida, mas também estão sujeitos a abrasão pela movimentação de língua e das bochechas durante o ato da deglutição. E, se esta criança se alimentar, seus dentes poderão sofrer atrição durante a mastigação.
Apesar dos três tipos de desgaste ocorrerem simultaneamente, é possível determinar o fenômeno predominante em cada paciente em especifico. O dentista deve se ater nas características clinicas das lesões e nos dados sobre os fatores etiológicos baseados na anamnese do paciente.
Abrasão
Clinicamente observamos um desgaste localizado na região onde o objeto/tecido mole entra em contato com os dentes, normalmente na cervical das coroas, a lesão é mais profunda que larga. Tipo de desgaste é mecânico. A etiologia se deve a escovação com forca excessiva, onicofagia (ato de roer as unhas), palitar os dentes e em tocadores de instrumentos de sopro.
Atrição
Um exemplo claro é o bruxismo. Clinicamente vemos desgaste generalizado nos elementos dentários de forma horizontal, tento o mesmo desgaste no esmalte e na dentina, e as lesões de dentes antagonistas se encaixam quando o paciente oclui.
Erosão
É um tipo de desgaste químico, onde a etiologia se dá por um ataque ácido. Podemos citar como exemplos: o refluxo gastroesofágico crônico e consumo excessivo de refrigerantes e sucos. Clinicamente há uma superfície excessivamente lisa e brilhante, formação de concavidades nas superfícies oclusais, também conhecidas como “cuppings” sendo mais largas que profundas, e observamos também arredondamentos das cúspides.
Erosão dentaria como doença multifatorial
A partir de estudos recentes, conclui-se que a erosão dental é uma doença multifatorial, podendo possuir etiologia intrínseca ou extrínseca, intimamente associada ao comportamento do paciente.
O fator etiológico intrínseco da erosão dentaria é o ácido gástrico, que é levado a cavidade oral quando ocorre o refluxo gastresofágico, regurgitação ou vômito, e assim entra em contato com os dentes. O ácido gástrico é composto por ácido hidroclorídrico, produzido pelas células parietais do estomago e possui pH 1,0; por esse motivo a destruição do tecido dental é mais severa do que em casos de erosão por fatores extrínsecos.
Já os fatores etiológicos extrínsecos são constituídos por soluções ácidas provenientes de diversas fontes como: ácidos de alimentos e bebidas, medicamentos de uso crônico, produtos de higiene oral e drogas ilícitas. Sucos cítricos (sendo naturais ou artificiais), refrigerantes, isotônicos e líquidos fermentáveis podem ter o pH ácido e causar erosão dentaria quando ingeridos com frequência.
Outros fatores importantes a serem citados sãos os ligados ao paciente, como por exemplo: a saliva. Portanto, uma atenção deve ser dada a aos indivíduos com alterações de fluxo salivar ou composição salivar, como crianças com alterações sistêmicas e/ou uso crônico de medicamentos que causam xerostomia.
A melhor medida para prevenção contra a erosão dentaria é a identificação e eliminação das fontes dos ácidos, e a diminuição de exposição dos dentes às substâncias. O dentista deve analisar cuidadosamente a dieta, histórico médico, e hábitos do paciente, para orientá-lo da melhor maneira, no intuito de prevenir ou minimizar o problema.
Podemos dar algumas dicas aos nossos pacientes com intuito de prevenção: utilizar canudos para ingerir as bebidas ácidas, não escovar os dentes logo após vomitar ou ingerir bebidas ácidas, fazendo bochechos com água ou soluções remineralizastes após a ingestão dessas substancias.
Daphene Ozelame Costa Cirurgiã-dentista. Especialista em Ortodontia e Odontopediatria pela FOB-USP. Credenciada Damon System. Blog Dental Cremer
Dr. Márcio Lara é Cirurgião-Dentista em Águas Vermelhas, MG. Possui graduação em Odontologia pela FAFEOD em 1991 e Especialização pela FAFEOD em 2000. Atua como... Leia mais
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