Dr. Márcio Oliveira Lara
Águas Vermelhas, MG
Caio Capitani dos Santos | 2 dez. 2016 | Cirurgião-dentista. Especialista em DTM e DOF pela Unisanta. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Unisanta. Especialista em Odontologia do Esporte pela UP. Especialista em Ciências do Esporte pela Unifesp. Membro da Academia Brasileira de Odontologia do Esporte (ABROE).
De acordo com estudos divulgados pela ADA (American Dental Association), mais de 5 milhões de dentes são avulsionados (saem completamente da boca) por ano, e a prática esportiva é responsável em média por 39% desses casos. A utilização de um protetor bucal é a melhor maneira de prevenção, porém, quando falamos em protetores bucais, surgem diversas dúvidas na cabeça dos atletas e também de alguns dentistas.
A maioria dos atletas ainda compram seus protetores em lojas de departamentos esportivos. Esses tipos de protetores não protegem da forma anunciada, uma vez que seu material (silicone) não apresenta absorção de impacto nem dissipação de forças.
Protetor Bucal TIPO I
Esses são os protetores bucais TIPO I, conhecidos como protetores de estoque ou pré-fabricados. Esses protetores são extremamente desconfortáveis e podem provocar lesões em tecidos moles. Por possuírem baixa adaptação dificultam a fala, respiração e deglutição, além de fazer com que o atleta necessite segurar o protetor com os dentes posteriores, provocando atividade muscular constante, o que pode facilitar o desenvolvimento de doenças como DTM (disfunção temporomandibular).
Protetor Bucal TIPO II
Existem também os protetores bucais do TIPO II. Similar ao TIPO I, são mais conhecidos como “ferve e morde”. Como o nome já diz, necessita ser fervido na água e encaixado na boca do atleta, colocando em risco a saúde de tecidos moles e de estruturas pulpares dos dentes, uma vez que a temperatura está muito alta e não há nenhum controle e acompanhamento profissional. A intenção desse passo é reproduzir o formato da boca, tentando melhorar a adaptação, porém, o que muitos não sabem é que o encaixe ideal de um protetor bucal não depende apenas dos dentes, e sim de estruturas adjacentes como fundo de sulco vestibular, bridas maxilares e fundo de sulco disto-bucal, essas moldadas apenas pelo dentista. Em outras palavras, a má adaptação e desvantagens continuam presentes nesses tipos de protetores.
Protetores bucais TIPO II Duplo. Também são protetores do tipo “ferve e morde, porém com envolvimento mandibular. Eu particularmente, considero esse tipo o mais perigoso de todos, uma vez que, o movimento mandibular por si só já apresenta uma função natural de dissipação de impacto, e com o uso do protetor duplo isso não acontece devido ao “travamento” da mandíbula numa posição fixa, aumentando as chances de fraturas nessa região.
Protetor Bucal TIPO III
Protetores bucais do TIPO III ou protetores bucais customizados, são realizados pelo cirurgião-dentista em um equipamento a vácuo. Esses protetores apresentam adaptação superior ao TIPO I e II. O material utilizado é o E.V.A (Etil Vinil Acetato) proporcionando melhor absorção de impacto e dissipação de forças. O protetor Tipo III não atrapalha a fala e respiração e possibilita uma customização ao gosto do atleta, porém ainda assim apresenta desvantagens, como uma menor adesão entre as placas de E.V.A, diminuindo sua vida útil.
Protetor Bucal TIPO IV
Protetores bucais do TIPO IV, mais conhecidos como protetores customizados multilaminados, são confeccionados por cirurgiões-dentistas especializados através de um equipamento de termo pressurização. Essa técnica proporciona maior aderência e retenção entre as lâminas de E.V.A, aumentando sua vida útil e resultando em uma adaptação superior ao protetor bucal TIPO III. Apresenta melhor encaixe, maior absorção de impacto e dissipação de forças e consequentemente maior proteção e conforto ao atleta. O protetor bucal TIPO IV também não atrapalha na comunicação, na ingestão de líquidos ou respiração desse atleta, e pode ser customizado conforme o atleta desejar. Tem como desvantagens o alto custo e a disponibilidade pois depende de um equipamento importado e de um cirurgião-dentista especializado.
Os protetores bucais do tipo IV são ideais para atletas que procuram manter a saúde bucal e não ter seu rendimento atlético prejudicado.
Teste experimental:
No ano de 2015 realizei uma pesquisa com 50 atletas do time de futebol americano do Santos Tsunami F.A. Constatou-se através dos dados que 76% desses atletas (38 de 50) acreditavam que os protetores (TIPO I e II) eram determinantes na queda de seu desempenho, sendo os principais motivos: dores, desconforto, respiração inadequada, queda da concentração, má adaptação e comunicação prejudicada. Além disso, 18% ainda acreditavam que todos os protetores bucais eram iguais e 98% utilizavam protetores bucais TIPO I ou II. Nessa pesquisa realizei um protetor do TIPO IV sem custos para um dos atletas, com o uso constante em treino e jogos o resultado foi a aprovação imediata e ausência de todos os fatores negativos relacionados ao baixo rendimento atlético.
É importante ressaltar que o cirurgião-dentista precisa estar atualizado sobre a forma de se confeccionar um protetor bucal para determinado atleta e modalidade. Saber suas particularidades, indicações e contra-indicações, orientar o paciente sobre a manutenção, armazenamento e higienização.
Reabilitar um dente perdido custa em média 5x mais caro do que a confecção de um protetor bucal TIPO IV.
Vamos prevenir ao invés de remediar.
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Dr. Márcio Lara é Cirurgião-Dentista em Águas Vermelhas, MG. Possui graduação em Odontologia pela FAFEOD em 1991 e Especialização pela FAFEOD em 2000. Atua como... Leia mais
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