Dr. Felipe Ferreira
Natal, RN
A sialolitíase é descrita como uma patologia oral que acomete as glândulas salivares através da formação de estrutura calcificada no sistema de ducto salivar, denominada sialólito ou cálculo salivar. Sua etiologia ainda é objeto de estudo, mas acredita-se que seja conseqüência da deposição de sais de cálcio em torno de um ninho de debris, obstruindo a luz do ducto. Sua formação não está associada a nenhuma alteração sistêmica ou metabólica, já que fatores locais – principalmente o trauma físico – desencadeiam o processo ao provocar mudanças inflamatórias na glândula envolvida. As glândulas mais acometidas são a submandibular, seguida da parótida e sublingual. A preferência por essa glândula dá-se por questões anatômicas e fisiológicas, tendo em vista que a mesma está localizada inferior ao seu canal excretor, possuindo um ducto (Wharton) longo e com orifício estreito, por onde circula uma saliva mais alcalina e viscosa. Possui uma predileção para o gênero masculino, sendo comumente encontrada em adultos acima da quarta década de vida. O diagnóstico da patologia pode ser alcançado ao realizar o somatório dos achados clínicos com as análises dos exames radiográficos, dentre os quais estão as radiografias oclusais, sialografia, ressonância magnética e ultrassonografia. Quanto à sintomatologia, esta varia de acordo com a localização e o grau de obstrução, mas apresenta geralmente um aumento de volume na área afetada, xerostomia, dor, edema e, dependendo do caso, febre. O tratamento varia de acordo com o caso, podendo optar-se desde métodos conservadores – como massagem glandular, fisioterapia com calor e dilatação do ducto – até a excisão cirúrgica do cálculo.
Paciente M.C.L.N., 48 anos de idade, melanoderma, gênero masculino, compareceu ao atendimento odontológico da Universidade Potiguar queixando-se de um aumento de volume nodular no pescoço na região da glândula submandibular direita, sem sensibilidade dolorosa e com evolução de, aproximadamente, dois meses. Ao exame físico, não foram observadas alterações significativas. Ao exame clínico intraoral, observou-se um aumento de volume de consistência endurecida e coloração avermelhada, medindo cerca de cinco centímetros de diâmetro e localizado no assoalho bucal, próximo ao orifício do Ducto de Wharton da Glândula Submandibular. O paciente relatou discreto incômodo ao mastigar e deglutir e, ainda, que havia procurado atendimento odontológico no início do desenvolvimento da patologia, sendo diagnosticado com úlcera aftosa e feito uso de Acetonida de Triancinolona (OMCILON-A®), mas sem reversão do quadro clínico. Após a realização de radiografia oclusal da mandíbula, foi visualizada uma massa radiopaca compatível com o diagnóstico de Sialólito, confirmando a suspeita clínica. O paciente foi encaminhado para remoção cirúrgica da lesão, esperando-se um prognóstico favorável.
A sialolitíase é uma das patologias mais comuns que acomete as glândulas salivares. O diagnóstico precoce é de fundamental importância para um tratamento eficaz e, muitas vezes, evitando-se os métodos mais invasivos e, consequentemente, o desconforto da remoção cirúrgica. Para alcançá-lo, é necessário que o cirurgião-dentista possua os conhecimentos necessários para associar os achados clínicos aos exames complementares, indicando o melhor tratando e alcançando um prognóstico positivo.
ALVES, Nayara Silva; SOARES, Genaina Guimarães; AZEVEDO, Rebeca de Souza e CAMISASCA, Danielle Resende. Sialolito de grandes dimensões no ducto da glândula submandibular. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent. [online]. 2014, vol.68, n.1, pp. 49-53. ISSN 0004-527
FARENZENA, K., VIEIRA, R., MALLMANN, C., DE CARLI, J., OLIVEIRA DA SILVA, S.. Sialolitíase: revisão de literatura e levantamento de casos. Odonto, Brasil, 20, may. 2013.
MARCUCCI G. Fundamentos de odontologia: Estomatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005
Dr. Felipe Ferreira é Cirurgião-Dentista em Natal, RN.
Possui Graduação em Odontologia pela Universidade Potiguar (UnP), 2016.
Atua como Clínico Geral na Estratégia de... Leia mais
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