Maloclusão em Crianças e sua Relação com a Presença de Hábitos e Alterações Funcionais

  Artigo, 02 de Ago de 2010

O estabelecimento da oclusão normal está na dependência de padrões morfogenéticos e funcionais normais e do crescimento e desenvolvimento crânio-facial adequados. As maloclusões resultam da interação dos fatores etiológicos da maloclusão durante o período de crescimento e desenvolvimento do indivíduo interferindo com os padrões normais.

O conhecimento da associação entre os aspectos morfológicos da dentição decídua e o desenvolvimento da oclusão na dentição permanente proporcionam a possibilidade de antecipações em relação à oclusão definitiva. Sabe-se que durante o período de transição da dentição decídua para a dentição permanente é de fundamental importância a ausência dos fatores ambientais que podem interferir com o estabelecimento da oclusão normal. Neste contexto, a presença de hábitos de sucção prolongados, respiração bucal, deglutição atípica associada a padrão de crescimento desfavorável podem levar a alterações no arco e maloclusão.

Durante o primeiro ano de vida, alguns hábitos são importantes para o densenvolvimento da criança. É pelo hábito de sucção que a criança faz os primeiros contatos com o mundo exterior. Todavia, quando o hábito ultrapassa a fase de sucção e perpetua-se no período da dentição decídua e mista, pode provocar mudanças no crescimento e desenvolvimento da face e nas dentições.

Em crianças jovens, os hábitos de sucção ou outras influências ambientais são a maior causa da mordida aberta anterior (MAA). Os principais hábitos citados na literatura como causadores de maloclusão são: hábitos de sucção, tais como de dedos, língua, bochechas, lábios ou chupetas; hábitos de mordida, seja de lábios, língua ou unhas (onicofagia); hábitos de deglutição atípica, com interposição lingual entre os dentes; respiração bucal e hábitos de postura anormal da língua.

O presente estudo avaliou a relação entre alterações funcionais e hábitos relatados pelo responsável na anamnese e a presença de maloclusão diagnosticada pelo profissional. Foram avaliadas 334 fichas clínicas de pacientes com idades entre 3 a 11 anos de idade que foram atendidos na Clínica de Especialização em Odontopediatria da UFF-Niterói. A frequencia de maloclusão na amostra total foi de 35,32%,sendo: mordida cruzada posterior (MCP) (11,37%), mordida cruzada anterior (MCA) (8,08%), MCAP (3,59%), MAA (9,88%) e MAA associada a MC (2,39%). A ocorrência de alteração funcional foi de 41,01%, sendo as mais frequentes a respiração bucal (25,14%), hipertrofia da adenóide e/ou amígdala (12,27%) e problemas da fala (6,58%). A frequencia de hábitos foi de 73,36%, sendo os mais frequentes a onicofagia (22,75%), morder lábio (15,86%), chupar chupeta (15,26%) e sucção de polegar (10,17%). A ocorrência de crianças com maloclusão e alteração funcional foi de 13,77% e de hábitos e maloclusão de 23,05%, sendo esta frequencia, estatisticamente significante. Conclui-se que, a presença de hábitos pode ser um indicador da presença de maloclusão, principalmente, em crianças mais jovens.

Referências

Coutinho TCL, Amaral MT, de Paula VAC, Lomardo RS. Maloclusão em crianças e sua relação com a presença de hábitos e alterações funcionais. Rev Fluminense Odontol 2006; XII (26): 44-48.

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Autora

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Thereza Coutinho

Ortodontista e Odontopediatra

 Rio de Janeiro, RJ

Graduada em Odontologia pela UFRJ com especialização em ortodontia e ortopedia facial pela ABO-RJ, especialização e mestrado em Odontopediatria pela UFRJ e doutorado pela... Leia mais

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