Thereza Christina L. Coutinho
Rio de Janeiro, RJ
As malformações congênitas apresentam ocorrência não muito frequente, mas, ainda assim, significativa. Dentre os defeitos presentes ao nascimento, as fissuras de lábio (FL) e palato (FP) figuram em segundo lugar. Entretanto, entre as 15 malformações da cabeça e pescoço mais frequentes, esta anomalia encontra-se em primeiro lugar.
A frequencia de FL com ou sem comprometimento do palato varia largamente em diferentes grupos étnicos; assim, a raça amarela é a mais acometida, incidindo em 1.7 casos para cada 1000 nascimentos. Na raça caucasiana, esta proporção é de 1:1000 e na negra, de 0,4:1000. No Brasil, a miscigenação de raças influencia a marca de 1,5:1000.
A hereditariedade é, sem dúvida, um dos fatores mais importantes a serem considerados na etiologia destas malformações. Entretanto, há uma evidência crescente de que fatores ambientais também são importantes, tais como: fumo, distúrbios nutricionais, drogas, hormônios, agentes infecciosos e raios X.
Os pacientes fissurados representam um segmento muito especial da população dentária. Esse tipo de paciente sofre uma miríade de problemas que são funcionais, estéticos, articulatórios e psicológicos. A FL-FP é, portanto, uma patologia de alta complexidade e que exige, para o seu tratamento, um enfoque multidisciplinar, envolvendo profissionais das áreas médico-odontológicas e áreas correlatas, como cirurgiões plásticos, bucomaxilofaciais, odontopediatras, ortodontistas, psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, com o objetvo de integrar o paciente no meio social e famliar.
Há muitos anos os pesquisadores têm observado que o fumo nos primeiros meses de gravidez poderia ser causador de fissuras. Encontraram um aumento nos casos de fissurados em mães que fumaram nos primeiros estágios de gravidez. Com o avanço da genética foi descoberto um gene particular nas crianças fissuradas, o TGFa, o qual não estava presente em crianças não afetadas. Este gene associado ao fumo aumenta a probabilidade de se ter um bebê fissurado. Assim, há a necessidade de que profissionais da área de saúde estabeleçam um programa eficaz de esclarecimento e prevenção deste problema com as mães, a fim de que estas se conscientizem do perigo do tabagismo durante a gravidez, de modo que suspendam o fumo neste período para protegerem seus bebês da possível ocorrência de fissura oral e de outras patologias associadas.
Abreu RI de V, Coutinho TCL. O tabagismo na gravidez e a ocorrência de fissuras orais em bebês: uma possível associação? J Bras Odontopediatr Odontol Bebê 2001; 4(21): 392-397.
Graduada em Odontologia pela UFRJ com especialização em ortodontia e ortopedia facial pela ABO-RJ, especialização e mestrado em Odontopediatria pela UFRJ e doutorado pela... Leia mais
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