Beatriz Venturi
Rio de Janeiro, RJ
Introdução
O penfigóide benigno de mucosas (PBM) faz parte de um grupo de doenças bolhosas crônicas, nas quais anticorpos destroem os componentes de ligação de pele e mucosa, apresentando lesões bolhosas, extremamente dolorosas. Acomete com mais frequência mulhueres acima dos 50 anos.
As lesões bucais do PBM têm aspecto semelhante a outras dermatoses bolhosas, porém, apresentam desenvolvimento mais lento e tendem a ser menores e menos agressivas. Essas lesões começam como bolhas ou vesículas que se rompem, produzindo áreas de descamação. Este processo define um padrão clínico de reação chamado gengivite descamativa, podendo ocorrer de forma difusa ou localizada.
O penfigóide é capaz de afetar, além da mucosa oral, mucosa ocular e, em algumas vezes, as manifestações da doença podem acontecer na nasofaringe, laringe, traquéia, esôfago, genitais, mucosa retal e olhos.
Relato do caso
Paciente do sexo feminino, leucoderma, 63 anos de idade, encaminhada por cirurgião dentista para avaliação diagnóstica e tratamento de áreas gengivais avermelhadas e extremamente dolorosas. A paciente relatou ter tido câncer de mama há cerca de um ano, controlado, sem outros problemas sistêmicos ou queixas oftálmicas. O quadro geral de saúde bucal era satisfatório. O exame físico intrabucal revelou lesões eritematosas e bolhosas localizadas em gengiva superior e inferior, sangrantes e extremamente dolorosa. As lesões se mostraram positivas ao sinal de Nikolsky, pois se usando o jato de ar houve a formação de bolha.
Foi realizada uma biópsia incisional, cujo laudo descritivo sugere bolha subepitelial e infiltrado inflamatório crônico sub-basal, que correlacionado com dados clínicos sugere PBM.
Inicialmente, havia uma descamação generalizada da mucosa oral, por isso optou-se pela prescição de celestone elixir, três vezes ao dia, por sete dias, o que produziu importante melhora. A paciente retornou com bolhas isoladas localizadas em gengiva superior anterior direita, próxima aos dentes 11, 12 e 13. A partir desde momento, foi utilizada a aplicação semanal de laser de baixa intensidade, usando um laser diodo de 808 nm, 6,3 J/cm2 durante 9 segundos, uma vez por semana. Após o tratamento com o laser houve uma melhora imediata na coloração e consistência do tecido.
Durante os intervalos entre as sessões houve uma redução expressiva no número de bolhas, que foi diminuindo ao longo do tempo, mas a redução mais significativa foi na sintomatologia, que desapareceu. A paciente, mesmo com bolha relatou o desaparecimento da dor.
Discussão
O PBM é uma doença auto-imune, por isso uma inflamação crônica e incurável, cujo tratamento se baseia no alívio dos sintomas e controle do agravamento. Uma das queixas mais comuns dos pacientes com lesões bucais de PBM está na dificuldade de higienização da boca, devido à dor causada durante a escovação. Assim como a dor durante a mastigação, fala e deglutição.
O tratamento com laser de baixa potência apresenta efeitos benéficos para os tecidos, ativando a microcirculação, produzindo de novos capilares, efeitos antiinflamatórios e analgésicos, além de estimular o crescimento e a regeneração celular, por isso apresenta uma excelente indicação para o controle da PBM.
Em nosso caso clínico a aplicação do laser promoveu melhora imediata e prolongada a paciente. A paciente, mesmo com bolha relatou o desaparecimento da dor, o que proporcionou uma facilitação na higienização bucal e melhora na qualidade de vida.
Estes dados demonstram a importância da laserterapia no controle do penfigóide, por tratar-se de um método não invasivo e capaz de promover melhora facilmente percebida pelo paciente.
Referências bibliográficas
CAFARO A, BROCCOLETTI R, ARDUINO PG. Low-level laser therapy for oral mucous membrane pemphigoid. Lasers in Medical Science (16 June 2012), pp. 1-4
LINS, Sâmira Ambar, et al. Pengifóide benigno de mucosa. Salusvita, Bauru, v. 28, n. 2, p. 205-211, 2009.
YILMAZ, HG et al. Low-Level Laser Therapy in the Treatment of Mucous Membrane Pemphigoid: A Promising Procedure. Journal of Periodontology, August 2010, Vol. 81, No. 8 , Pages 1226-1230
Desde o início da minha atuação profissional foquei minha ação em diagnóstico oral, atuando como patologista e estomatologista.
Em 2010 fiz o último curso de extensão em... Leia mais
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