Dr. Aroldo Ávila Chaves
Coroaci, MG
dr. Aroldo Ávila Chaves
cirurgião-Dentista
cro-Mg 37.983 D.v
orientador: Prof. Rodrigo Guimarães
artigo Científico Apresentado como Cumprimento de Exigência para Obtenção do Título de Especialista em Dentística.
Aroldo Ávila Chaves*, Saul Antunes**, Cláudia Rocha***, Rodrigo Guimarães****
* Aluno do Curso de Especialização em Dentística da UNIG
E-mail: dr.aroldoavila@oi.com.br
** Mestrando em Dentística – UERJ
Professor do Curso de Especialização em Dentística da UNIG
E-mail: saulantunes@gmail.com
*** Especialista em Prótese e Dentística
Professora das Disciplinas de Dentística e Prótese Fixa da UNIG
Professora do Curso de Especialização em Dentística da UNIG
E-mail: claudiarochaguima@ig.com.br
**** Professor Adjunto Coordenador de Graduação e Pós-Graduação em Dentística da UNIG
Professor Adjunto das Disciplinas de Prótese Fixa da UNIG
Professor Assistente das Disciplinas de Materiais Dentários e Dentística da UNIGRANRIO
E-mail: rodrigopguima@oi.com.br
Resumo
Na odontologia contemporânea é bastante comum a busca por parte dos pacientes em realizar procedimentos que visem à obtenção de um sorriso esteticamente aceitável, inclusive envolvendo dentes posteriores. A realização de restaurações estéticas diretas posteriores envolve passos clínicos diretamente relacionados com a habilidade do profissional em reproduzir os detalhes anatômicos da superfície oclusal. Desse modo, lançar mão de procedimentos que facilitem a fase de escultura oclusal torna-se bastante válido para o profissional na restauração direta de dentes posteriores com resina composta. A construção de um índex oclusal no caso relatado mostrou resultado bastante satisfatório com diminuição do tempo clínico de confecção e ajuste oclusal da restauração. Este artigo relata um caso clínico que foi solucionado através da utilização de um índex oclusal, em silicone de adição, na restauração de um dente posterior com resina composta.
Palavras-chaves: Resinas compostas. Materiais dentários. Estética dentária.
Abstract
In modern dentistry is quite common to search on the part of patients to undergo procedures that aim to raise a smile aesthetically acceptable, including involving posterior teeth. The realization of direct esthetic restorations after clinical steps involved directly related to the professional skill in reproducing the anatomical details of the occlusal surface. Thus, make use of procedures that facilitate the process of occlusal sculpture becomes quite valid for the professional in direct restoration of posterior teeth with composite resin. The construction of an occlusal index in our case showed very good results with reduced clinical time cooking and occlusal adjustment of the restoration. This article reports a case that was solved by use of an occlusal index in Silicon addition, the restoration of a posterior tooth with composite resin.
Keywords: Composite resins. Dental Materials. Esthetics, Dental.
Introdução
Na atualidade, a odontologia passa por um momento de crescente valorização dos procedimentos estéticos, inclusive no segmento posterior da boca. Contrário aos tempos remotos, em que o amálgama de prata era a única alternativa restauradora direta disponível no mercado para reabilitar forma e função de dentes posteriores afetados por cárie, atualmente as resinas compostas apresentam-se como o material estético de eleição. Isso se deve às melhorias nas suas propriedades mecânicas, além da sua excelência estética, uma vez que, apesar de se tratar de elementos posteriores, existe elevada expectativa por parte dos pacientes em obter restaurações que mantenham condição de equilíbrio com os dentes naturais. Diversos são os meios e técnicas utilizados por profissionais da área odontológica para restabelecer a anatomia perdida dos dentes. Contudo, recuperar a tão valorizada estética dos elementos dentários compreende vários procedimentos que põem à prova o profissional, necessitando além de conhecimentos técnico-científicos acerca dos compósitos atuais, senso artístico, destreza e habilidade manual, a fim de reproduzir todos os minuciosos detalhes anatômicos fundamentais para tornar as restaurações mais naturais possíveis. Uma das técnicas usadas, principalmente para reproduzir a superfície oclusal com detalhe e fidedignidade, é o uso da matriz oclusal (normalmente confeccionada em resina acrílica) preconizada por Baratieri ET al. (1992). Inúmeras são as vantagens do uso desses dispositivos nos procedimentos restauradores, a saber: auxilia na confecção de sulcos, fissuras e cúspides; diminui o tempo clinico de confecção e ajuste oclusal da restauração; permite a passagem de luz e polimerização subjacente através da transparência da resina acrílica; completa polimerização superficial da resina composta devido à ausência de contato com o oxigênio e, conseqüente, obtenção da textura de superfície mais lisa. Como desvantagens dessa técnica, podemos citar o tempo clínico adicional gasto e o alto custo-benefício do silicone de adição empregado na construção do índex. Em vista do exposto, objetiva-se, através desse relato, apresentar um caso clínico de restauração de lesão cariosa oculta com resina composta direta utilizando um silicone de adição transparente para confecção da matriz ou índex oclusal.
Relato do Caso Clínico
Paciente J.L.M., sexo feminino, 21 anos, procurou a clínica do curso de Especialização em Dentística da Faculdade de Odontologia da UNIG (Universidade Iguaçu – Nova Iguaçu, RJ) para consulta odontológica de rotina. Depois de realizada a anamnese, foi feita profilaxia das arcadas superior e inferior seguido de um minucioso exame clínico. Complementando o exame clínico, tomadas radiográficas periapicais foram feitas e o diagnóstico de lesão cariosa oculta no elemento 46 foi confirmado (Figura 1). De comum acordo, paciente e profissional, optaram pela restauração direta em resina composta após a construção de um índex para uma melhor reprodução dos detalhes anatômicos da superfície oclusal. O índex oclusal foi confeccionado com auxílio de um silicone de adição transparente (Elite Transparent – Zhermack) conforme mostram as Figuras 2 e 3.
O acesso a lesão cariosa iniciou-se, após a anestesia, com uma broca esférica diamantada em alta rotação no esmalte. A remoção da dentina cariada foi executada por meio de brocas esféricas carbide, compatíveis com o tamanho da lesão em baixa rotação, associadas a colheres de dentina. As formas de retenção e resistência do preparo cavitário foram dadas com uma broca em formato de pêra no. 332 L (KG Sorensen) Em seguida, procedimentos de seleção de cor e isolamento absoluto do campo operatório foram realizados (Figuras 4 e 5). Nenhum tipo de forro e/ou base cavitária foi executada pelo fato da mesma ter sido considerada de média profundidade.
O tratamento adesivo da cavidade iniciou-se pelo condicionamento total com ácido fosfórico (Acidgel – SSWhite) por 15 segundos no esmalte e 10 segundos na dentina completando o tempo total de 25 segundos (Figuras 6 e 7). Lavagem com jato constante de água pelo mesmo tempo e secagem rigorosa do esmalte, sem desidratação da dentina com auxílio de papel absorvente foram executados em seguida (Figura 8). Com auxílio de um microbrush, o adesivo monocomponente (XP Bond – Dentsply) foi esfregado em toda a cavidade seguido de um breve jato de ar (para volatilização do excesso de solvente) e fotoativado deixando a cavidade com aspecto “caramelizado” (Figuras 9 a 11). Consecutivamente, iniciou-se a inserção dos incrementos de resina composta, a fim de reproduzir a dentina artificial (Evolu-X – Dentsply na cor A3). É importante salientar que a dentina foi reconstituída através de incrementos de 2 mm, de forma oblíqua, sem unir paredes opostas e fotoativados gradualmente por 40 segundos. A última camada de resina foi colocada com intuito de restabelecer as propriedades ópticas características do esmalte (Evolu-X – Dentsply na cor T). Um pouco de excesso de resina foi aplicado, visando um melhor escoamento e cópia de detalhes. . Foi aplicado gel lubrificante na superfície interna do índex e esse colocado em posição. Uma leve pressão foi efetuada sobre o índex de silicone para que ocorresse o escoamento da resina. Foi efetuada a fotoativação por 40 segundos e após removê-lo, adicionalmente, por mais 40 segundos (Figura 12). Os excessos ainda persistentes na superfície oclusal foram removidos com brocas de granulação ultrafina em alta rotação. O detalhe da anatomia oclusal obtida após acabamento inicial, ainda sob isolamento, é mostrado na Figura 13.
A checagem dos contatos oclusais em máxima intercuspidação habitual e movimentos excêntricos foram efetuados e ajustados de acordo com a oclusão da paciente (Figura 14). Finalizando a restauração, realizou-se o acabamento final e polimento com escova de borracha abrasiva (Polishing Brush – TDV) e disco de feltro impregnado com pasta para polimento de compósitos (TDV), obtendo uma superfície lisa e brilhosa. O resultado da restauração concluída pode ser visualizado nas Figuras 15 e 16.
Discussão
Para que uma restauração odontológica tenha sucesso, faz-se necessário que a mesma restabeleça principalmente a função mastigatória. Em se tratando de dentes posteriores, torna-se evidente que os registros dos detalhes anatômicos oclusais através da escultura dentária são de extrema importância por propiciar o restabelecimento da anatomia perdida e também por reduzirem o risco de prematuridades oclusais na restauração. A reprodução o mais fiel possível da morfologia oclusal consiste em um desafio para a maioria dos clínicos, permitindo ainda, que profissionais de menor habilidade manual se sobressaiam.
A morfologia oclusal no caso relatado, de uma lesão oculta, apresentava-se quase que totalmente intacta justificando o emprego da técnica restauradora apresentada. A confecção de um dispositivo individual em silicone de adição permitiu a reprodução da anatomia oclusal de modo mais rápido e fácil ocasionando menor ou praticamente nenhuma necessidade de ajuste oclusal. O índex oclusal também poderia ter sido ser confeccionado de outras maneiras: com resina acrílica autopolimerizável incolor, na técnica do pincel, diretamente sobre o elemento dentário ou sobre modelos de gesso com enceramentos diagnósticos ou não; com massa densa de silicone de adição também sobre modelos de gesso. Cabe ressaltar que o profissional deve estar atento para o momento de utilização do dispositivo; seu assentamento incorreto causará distorções fazendo com que o objetivo da técnica não seja plenamente alcançado. A pressão exercida sobre a matriz, quando em posição, evita incorporação de microbolhas no interior da resina, melhorando, consideravelmente, a lisura de superfície.
Outra vantagem relacionada ao uso desse dispositivo utilizado no caso clínico, é que devido à transparência do material, a fotopolimerização da resina não é alterada, já que a luz emitida pelo fotopolimerizador consegue atravessá-la e desencadear o processo. Mesmo assim, recomenda-se a fotopolimerização adicional após sua remoção.
Por fim, a qualidade do acabamento da restauração tem uma notável melhora com esta técnica, o que minimiza o uso de instrumentos rotatórios, reduzindo, conseqüentemente, possíveis danos à estrutura dentária remanescente e restauração
Conclusão
De acordo com o caso relatado os autores puderam concluir que a técnica do índex oclusal, na restauração de lesões cariosas ocultas em dentes posteriores, constituiu-se de um procedimento simples e de fácil confecção, resultando em tempo mínimo de ajustes oclusais, acabamento e polimento devido à manutenção da anatomia oclusal original. Concluí-se ainda, que os resultados obtidos nessa técnica são extremamente satisfatórios, uma vez que favorecem a perfeição estética pela devolução das minúcias da superfície oclusal.
1- Andrade AKM, Ruiz PA, Pinheiro IVA, Medeiros MCS. Restauração estética posterior pela técnica da matriz de acrílico. RGO, 2004; 52(3): 184-6.
2- Baratieri LN. Restaurações diretas com resina composta em dentes posteriores, In: Baratieri LN et al. Odontologia Restauradora: fundamentos e possibilidades. São Paulo: Ed. Santos, 2001; Cap. 8, p. 225-304.
3- Conceição EN, Masotti A, Hirata R. Reproduzindo função e estética com compósitos diretos e indiretos em dentes posteriores, In: CONCEIÇÃO EN et al. Restaurações Estéticas: compósitos, cerâmicas e Implantes. Porto Alegre: Ed. Artmed,...
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