Dra. Tayssa de Souza Florencio
Caruaru, PE
A Hemorragia é caracteriza por perda de excessiva de sangue para fora dos vasos sanguíneos. Em cirurgias podem surgir acidentes e complicações que acontecem apesar de todos os cuidados pré-operatórios tomados. As hemorragias são as complicações de sangue mais comuns no consultório odontológico, acometendo em maior número extrações múltiplas ou complicadas, ou seja, extrações simples possuem menos propensão a episódios hemorrágicos, porque estes vão ser sempre proporcionais ao tamanho das feridas cirúrgicas.
Neste trabalho serão relatados: O conceito, a cascata e os distúrbios da coagulação; O conceito e os tipos de hemorragia; O conceito e as manobras para obtenção da hemostasia; Instruções ao paciente no período pós-operatório, bem como os medicamentos que deverão ser ministrados nesse período.
Para diminuir a frequência dos acidentes de sangramento, além de uma anamnese criteriosa para obtenção dos dados da história médica pregressa e atual do paciente, o profissional deve fazer uso de exames complementares (o hemograma e o coagulograma são indispensáveis para prevenção da hemorragia) para detecção de possíveis quadros hemorrágicos ou patologias sanguíneas que possam causá-los. Grande parte das dificuldades apresentadas pelos cirurgiões deve-se a uma anamnese superficial, mau planejamento de tratamento ou a procedimentos operatórios deficientes.
Em casos de hemorragias trans-operatórias o profissional deve ter conhecimento das manobras adequadas para normalização do estado do paciente e também para evitar novos episódios hemorrágicos no período pós-operatório.
2. Desenvolvimento
Segundo Harry Dym (2004), a hemorragia é a ocorrência de sangue mais comum que um cirurgião vai encontrar e é caracterizada por ser um extravasamento anormal de sangue que pode acontecer por fatores locais (ruptura ou laceração de vasos sanguíneos) ou enfermidades sistêmicas (trombocitopenia, anemia, hemofilia, doença de Von Willebrand, etc). Já segundo Galvão Filho (2000), é o escapamento anormal de sangue de um vaso, por problemas relacionados, geralmente, aos mecanismos de coagulação. As hemorragias apresentam sinais clínicos importantes para sua detecção como: Palidez, pele fria, pulso acelerado, fraqueza, inconsciências, etc., por isso, profissional responsável pelo paciente deve ter conhecimento destes sinais e também das manobras de prevenção e hemostasia adequadas.
2.1 Classificação das hemorragias
As hemorragias podem ser classificadas de acordo com sua localização, origem, quanto a natureza do vasos, quanto ao seu momento:
2.1.1 Quanto a sua localização
A localização da hemorragia, vai se dividir em dois tipos distintos: A hemorragia externa e interna. A hemorragia externa é o tipo de hemorragia que exterioriza na superficie da área em que se origina, sendo então, de fácil diagnóstico. A hemorragia interna é o tipo de hemorragia localizada em uma cavidade fechada, sem que se exteriorize. O diagnóstico é feito pelos sinais clínicos apresentados, como o edema. Geralmente, nas intervenções intra-orais, as hemorragias são externas.
2.1.2 QUANTO A ORIGEM
A origem da hemorragia é um ponto decisivo para a correta conduta a ser tomada, após as exodontias existem duas origens possíveis e passíveis de sangramento, o osso e os tecidos moles circundantes. Se o sangramento vier do osso, o cirurgião deve tentar determinar se a fonte é um vaso nutriente, excesso de tecido de granulação no alvéolo da exodontia, sangramento difuso do osso esponjoso ou de uma fratura do alvéolo. Caso o sangramento venha dos tecidos moles, o operador deve determinar os vasos que estão extravasando.
2.1.3 QUANTO A NATUREZA DOS VASOS
A classificação que diverge as hemorragias quanto a natureza dos vasos, apresenta as seguintes definições: Hemorragia derivadas de artérias, hemorragias derivadas de veias e hemorragias derivadas de capilares:
A hemorragia de origem arterial é quando o sangue flui em jatos intermitentes que acompanha a pulsação arterial, apresenta o sangue uma coloração vermelho-viva. A hemorragia de origem venosa é quando a hemorragia é continua, apresentando o sangue uma coloração vermelho-escura. A hemorragia de origem capilar é quando o sangue flui de modo difuso e contínuo, sendo a mais frequente na cavidade oral. De certa maneira, pode-se deduzir que a hemostasia será mais facilmente realizada em lesões de artérias, do que em lesões venosas, pois no primeiro caso, o vaso seccionado poderá ser mais facilmente reconhecido que no segundo.
2.1.4 QUANTO AO MOMENTO DA HEMORRAGIA
As hemorragias quanto ao momento do processo cirurgico, pode indicar traumas e injúrias à estrutura, que vão se externar de forma imediata ou mediata. A hemorragia imediata ocorre quando consecutiva ao traumatismo acidental ou operatório de um vaso, estando clinicamente visível ainda durante o procedimento, em caso de exodontia, pode ocorrer desde a incisão até a síntese. A hemorragia mediata, poderá ser recorrente ou secundária. Se for por recorrência. deve ocorrer após algumas horas ou ainda nas primeiras 24 horas após a intervenção, sendo possivelmente devido à hemostasia deficiente. A hemorragia secundária é, na grande maioria das vezes, consequência do rompimento de suturas.
2.2 MEIOS DE PREVENÇÃO DE HEMORRAGIAS PÓS-EXODONTIA
É de suma importante que o cirurgião dentista lance mão de todos os artifícios disponíveis como, uma anamnese criteriosa e exames complementares adequados, para que haja um conhecimento da história médica do paciente, incluindo episódios de hemorragia e alterações sistêmicas que influenciem no processo natural de coagulação e hemostasia. A prevenção de hemorragias trans e pós-operatória é desejada, pois, além de ter a possibilidade de evolução para conseqüentes alterações sistêmicas, vai dificultar a reparação tecidual local e facilitar a proliferação de bactérias, deixando o ambiente propicio ao desenvolvimento de infecções.
2.2.1 ANAMNESE
Nos casos de hemorragia bucal, a anamnese deve ser direcionada ao problema com o intuito de estabelecer medidas de prevenção da sua ocorrência, assim como para obter o conhecimento da história médica pregressa do paciente. O cirurgião dentista deve ainda observar e ficar atento aos relatos de algum tipo de alteração sanguínea, que de acordo com a sua gravidade pode obrigar o dentista a encaminhar o profissional para atendimento em ambiente hospitalar e sob cuidados médicos.
2.2.2 EXAMES COMPLEMENTARES
Dentre todas as opções disponíveis para o conhecimento da presença de fatores que facilitem as hemorragias, é possibilitada ao cirurgião dentista a solicitação de exames complementares pré-operatórios, que são: Radiografia panorâmica digital; Glicemia em jejum e pós-prandial; Hemograma e coagulograma (indispensável para prevenção da hemorragia).
2.2.2.1 HEMOGRAMA
O hemograma é um exame complementar que auxilia no diagnóstico de doenças sistêmicas e permite avaliar as condições gerais do paciente para a realização de procedimentos odontológicos. Apesar de ser inespecífico, o hemograma pode evidenciar algumas alterações que, quando somadas aos dados do exame clínico e a outros exames complementares, pode permitir que o cirurgião dentista venha a diagnosticar patologias que apresentem reflexos bucais. É o exame hematológico que vai avaliar diversas partes e células do sangue, como: Eritrograma: [série vermelha]; Leucograma: [série branca] e Plaquetograma.
2.2.2.2 Coagulograma
O modelo de coagulação é avaliado em diferentes cenários clínicos, entre as classes dos cirurgiões-dentistas, o processo de coagulação oral é retratado pelas provas de coagulação, estas provas permitem a prevenção de uma possível hemorragia, sendo necessário ao menos o conhecimento do TP, TTPA e contagem de plaquetas para avaliar com certa segurança a hemorragia em questão. O coagulograma é o exame de triagem que compreende e analisa: A contagem plaquetária, que é importante, pois as plaquetas são indispensáveis à coagulação. Na púrpura, por exemplo, a coagulação é normal à causa de trombosplastina dos tecidos lesionados e do plasma. As plaquetas contribuem para a hemostasia local. Sua ação produz vasoconstricção. A diminuição de plaquetas está associada geralmente a púrpura. O TS (Tempo de Sangria) é responsável por determinar o tempo decorrido entre o inicio do sangramento até a hemostasia que deve ser entre 1 e 3 minutos em cortes superficiais e em cortes mais profundos, esse tempo pode se estender até 6 minutos, de acordo com o método de Duke. O tempo de sangramento será prolongado devido à ausência de vários fatores de coagulantes, sendo decorrente da diminuição de plaquetas. O tempo de coagulação vai marcar o tempo desde a primeira gota de sangue até o início da coagulação. O método utilizado neste exame é o de Sabrazés, no qual o capilar formado é partido é de 30 em 30 segundos e o tempo de coagulação total, pode levar de 2 a 7 minutos para ser completado. O aumento de tempo de coagulação se dá na ausência ou diminuição de fatores coagulantes, como na hemofilia, e na presença de anticoagulantes circulantes. A prova do laço vai permitir avaliar o grau de resistência dos capilares formados, estes quando frágeis são responsáveis pelo aparecimento de petéquias, ou seja, pequenas hemorragias sob a pele ou mucosas, diferindo das púrpuras por não terem cor azulada. O tempo de protrombina vai determinar a quantidade de protrombina existente no sangue. Nesse exame, o sangue é retirado do paciente e colocado em um recipiente com substâncias que têm a propriedade de precipitar o cálcio e, desta forma, impedir a transformação da protrombina em trombina. Nessa análise, a coagulação deverá estar completa dentro de 12 a 14 segundos. O tempo de Tromboplastina Parcial Ativada é complementar ao tempo de protrombina. O sangue coletado é colocado em contato com um reagente, depois é colocado com o cálcio. O tempo normal para que ocorra a coagulação nesse exame será de 40 a 60 segundos. A retração do Coágulo está relacionada com o número de plaquetas existentes no sangue, o tempo de retração deve estar completo entre 18 e 24 horas. Tempo superior a este, indica a diminuição do número de plaquetas.
2.3 PRINCIPAIS CAUSAS DAS HEMORRAGIAS
As causas das hemorragias podem estar relacionadas a fatores predisponentes à hemorragia, como causas médicas (hipertensão [arteriosclerose], neoplasias e diáteses sanguíneas), podem ser originados no momento trans-operatório por defeitos cirúrgicos e por traumas e podem também, no período pós-operatório, sendo provocada pelo paciente.
2.3.1 HEMORRAGIAS RELACIONADAS A CAUSAS MÉDICAS
Enfermiadades ou situações sistêmicas alteradas, como hipertensão, arteriosclerose, neoplasias e alterações sanguíneas, como afecções hepáticas; hemofilia; leucemia; anemia perniciosa aplásicas; trombocitopenia; telangiectasia hereditária; falta de vitaminas, principalmente C e K, podem influenciar diretamente no processo de coagulação, alterando desde o seu início ao seu estágio final, estes são chamados fatores predisponentes à hemorragia. Além de certas enfermidades o consumo de alguns medicamentos, como ácido acetil salicílico, heparina, etc., podem promover a desagregação plaquetária, o que pode facilitar episódio hemorrágicos.
2.3.2 HEMORRAGIAS DEVIDO A ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS
A fibrinogenopatia é um caso raro que ocorre em algumas na gravidezes, com desprendimento precoce da placenta, ou cirurgia dos pulmões. Provavelmente deve-se a embolias múltiplas de pequenos fragmentos tissulares ricos em tromboplastina que criam focos difusos de formação de coágulos. Estes fazem diminuir o fibrinogênio no plasma circulante. O sangue não se coagula ou coagula muito pouco, e o paciente sofre hemorragias locais, gerais e muitas vezes fatais. Na hemofilia, a coagulação leva de 1 a 12 horas para se efetivar, esta doença é de fundo hereditário, transmitida pelas mães aos fetos homens, que vão apresentar sua sintomatologia. Embora o tempo de coagulação seja muito aumentado, o de sangramento não se prolonga, porque as diminutas feridas da pele fecham-se pela contração dos vasos sanguíneos capilares. A pseudo-hemofilia é a falta de alguns fatores de coagulação (fatores V, VII e IX) que intervém na formação de tromboplastina, podendo originar um estado hemorrágico semelhante à hemofilia e podem ser:
2.3.3 HEMORRAGIAS TRANS-OPERATÓRIAS
São hemorragias que acontecem no período em que o procedimento esta sendo realizado.
2.3.3.1 HEMORRAGIAS POR DEFEITOS CIRURGICOS
Falhas técnicas poderão ocorrer nas intervenções cirúrgicas, estas poderão desencadear processos hemorrágicos. As mais comuns são as seguintes: Não eliminação de espículas ósseas com bordas pontiagudas; Não remover espículas no alvéolo do dente e septos de osso muito altos e com fraturas; Lacerações da gengiva e tecidos moles; Dificuldade na remoção de ponta de agulha quebrada; Injúria à artéria ou veia alveolar inferior; Raízes quebradas retidas no alvéolo; Injúria ao forame do mento e sua artéria; Dificuldades para ligar uma artéria ou veia rompida; Dificuldade na remoção de pequenos pedaços de instrumental quebrado; Suturas muito apertadas que possam romper-se muito cedo ou fio de sutura inadequado; Drenagem incompleta de processo infeccioso; Tratamento pós-operatório insuficiente; Ruptura da artéria ou veia palatina anterior ou posterior; Rompimento do coágulo devido à infecção; Traumatismo do alvéolo por curetagem muito rigorosa; Infiltração de solução anestésica de forma incorreta; Curetagem de alvéolo insuficiente; Uso de bochechos logo após a cirurgia; Uso de anticoagulantes, tratamento com heparina ou dicumerol antes da cirurgia; Uso de salicilatos (ácido acetil salicílico) podem provocar sangramentos, pois estes são desagregadores plaquetários
2.3.3.2 HEMORRAGIA POR TRAUMAS
Acidentes que ocorrem na exodontia e outras intervenções cirúrgicas, como: Fratura do osso alveolar; Fratura da mandíbula; Fratura da maxila alcançando o sinus maxilar e envolvendo o assoalho da cavidade; Fratura da tuberosidade maxilar.
2.3.4 HEMORRAGIA PÓS-OPERATÓRIA
Esta hemorragia, na maioria das vezes, é provocada pelo próprio paciente no período de recuperação, quando o mesmo não mantém o repouso recomendado que veta a ele: cuspir, fumar, fazer sucção, bochechar, ingestão de alimentos quentes, pressão excessiva sobre a área cirúrgica, fazer esforços físicos e movimentos que estimulem a circulação excessiva de sangue nos tecidos.
2.4 HEMOSTASIA
Segundo Marzola (2000), a hemostasia é a manobra cirúrgica que tem por finalidade evitar a perda excessiva de sangue de uma ferida cirúrgica ou acidental. É um complemento de toda técnica cirúrgica, pois em incisões há sempre uma secção de vasos de maiores e menores calibres.
2.4.1 Meios para promover a hemostasia
O coágulo desorganizado deve ser sempre removido, a ferida inspecionada e uma vez limpa a ferida, pode-se localizar perfeitamente o local da hemorragia; esta pode se encontrar no interior do alvéolo dentário, nas partes moles ou nas suas bordas. Um tamponamento local deve ser feito. Podemos utilizar a esponja de colágeno ou fibrina + trombina ou surgicel e /ou uma proteção com cimento cirúrgico. Se a hemorragia for proveniente das partes moles pode-se utilizar bolinhas de algodão embebidas em ácido tricloroacético (tendo o cuidado de retirar o excesso do ácido), para a cauterização química no local do sangramento. Pode-se, ainda, utilizar algodão embebido em percloreto de ferro. A hemostasia é promovida, através de diversas formas, com dois fundamentos principais:
2.4.1.1 ProfilÁtico
Quando realizado anteriormente ao ato cirúrgico para suprir deficiências dos elementos responsáveis pela coagulação.
2.4.1.2 Curativo
Quando efetuado imediatamente no paciente, pode ser de ordem geral, através de transfusões de sangue integral ou parcial ou de plasma, dependendo da causa da hemorragia ou do estado geral do paciente. Pode ser utilizada a antibioticoterapia (após ser efetuada e hemostasia local), quando for observado que a causa da hemorragia foi uma infecção local pós-operatória, que destruiu ou lesou vasos da região interessada. Também pode ser emppregada medicação anti-hemorrágica, de acordo com a causa determinante. E pode também ser de ordem local, quando este é feito sobre a região da hemorragia, podendo ser através de medicamentoso, principalmente nas hemorragias em lençol ou capilares e mecânico que vai ser obtido através de: Pressão com substâncias hemostáticas (É colocada uma porção de gaze sobre a superfície sangrante, sendo feita compressão digital por alguns minutos. Podendo ser usados os seguintes medicamentos: Espuma de fibrina, esponja de gelatina. Após esta aplicação o local deve ser perfeitamente suturado, sendo aconselhada a aplicação de gelo extra-oralmente); Laqueamento ou ligadura (é usado para coibir hemorragias provenientes de vasos de maior calibre. O vaso deve ser pinçado com uma pinça hemostática pelo auxiliar, logo após o CD da dois nós no vaso); Eletrocoagulação (É o processo físico, podendo ser utilizado para hemorragias em lençol e de artérias de pequeno calibre. O aparelho utilizado é o mesmo da eletrocirurgia, variando a ponta ativa do bisturi e a intensidade da corrente. Para hemorragias provenientes de vasos, pode-se pinçá-los com uma pinça hemostáticam tocando-se com a ponta ativa do bisturi nas proximidades da ponta ativa da pinça. Por condução, coagula-se a luz do vaso.); Sutura (É a manobra cirúrgica que tem por finalidade manter juntas as bordas e superfícies das feridas cirurgicas através de um ou mais pontos, permitindo a efetivação do processo de cicatrização. Pode ser utilizada para reconstrução de diferentes planos que tenham sido incisionado durante a diérese ou para separa tecidos dilacerados em traumatismo. As suturas proporcionam condições para que a cicatrização ocorra por primeira intenção, ou seja, a formação do tecido de granulação (cicatriz) não fica visível. A sutura em X é utilizada em regiões com resistência e submetidas a grandes tensões. Geralmente é também utilizada em episódios de hemorragia pós-exodontia, simples ou de apenas um elemento e ainda como ponto de apoio para hemostasia ou aproximação dos tecidos. Para hemorragias advindas de exodontias mais extensas e complicadas, é preferível a sutura contínua, pois nesta há uma maior aproximação tecidual, que vai promover uma hemostasia mais eficaz).
2.4.1.3 Hemostasia de vasos intra-ósseos
Se o sangramento vier do osso, o profissional deve tentar determinar se a fonte é um vaso nutriente, excesso de tecido de granulção no alveolo da exodontia,sangramento difuso do osso esponjoso ou de uma fratura do alveolo. Se o sangramento for proveninte de canal nutriente, o brunimento do osso ao redor do ponto de sangramento deve comprimir o osso ao redor do canal de sangramento, resultando no controle da hemorragia. O tecido de granulção é rico em pequenos vasos capilares, as paredes destes não contraem e o sangramento continuará. O sangramento difuso do osso esponjoso deve ser tratado pelo tamponamento da area de gelfoam, ou impregnado com trombina topica no caso de área de exodontia ou outras cavidades ósseas. Se o sangramento remover o gelfoam, utiliza quantidade maior do material ou use cera para osso. A fratura do alvéolo pode estabelecer por suturas de tensão sobre o alveolo na qual a sutura deve ser deixada em posição, em seguida de pressão com gaze.
2.5 COAGULAÇÃO
É o inicio do processo de hemostasia natural do organismo que se dá através da reação essencial, que segundo Floriano Peixoto Gomes de Sá Filho (2004) é a conversão de fibrinogênio proteínico solúvel em fibrina proteínica insolúvel, pela ação da trombina. A trombina forma-se a partir de um precursor inativo e a protrombina quando se produz um derrame de sangue. A ativação da protrombina depende do íon de Ca++ e tromboplastina derivada dos tecidos lesionados, de plaquetas em desintegração e do próprio plasma. Conclui-se então, que existem quatro fatores principais de coagulação: as tromboplastinas, íons de cálcio, protrombina e fibrinogênio. Esse fatores estão associados à 9 fatores adicionais na formação do complexo tromboplásinico: Fator V - Pró-acelerina; FatorVI - Acelerina (participação duvidosa); Fator VII – Convertina; FatorVIII - Anti-hemofílico A; Fator IX - fator anti-hemofílico B;
Fator X - Fator Stuart Prower; Fator XI - Fator hemofílico C; Fator XII - Fator de Hageman. Anti-hemofílico D; Fator XIII - Fator estabilizador da fibrina.
A coagulação vai se dividir em duas etapas: A etapa intrínseca que vai iniciar o processo de coagulação e a etapa extrínseca que leva a sucessiva ativação dos fatores IX e X de coagulação. Depois que as plaquetas entram em contato com superfícies estranhas, liberam substancias tromboplásticas em presença dos fatores 8 e 9.
2.6 TRATAMENTO PARA HEMORRAGIA
2.6.1 MEDICAMENTOSO
Para suporte no tratamento das hemorragias, é importante a utilização de medicamento que auxiliem na recuperação do paciente. Dentre os medicamentos utilizados para hemorragia provenientes da exodontia podem ser utilizados dois tipos de antifribinolíticos, os sistêmicos e os tópicos, como:
2.6.1.1 MEDICAMENTOS Sitêmicos
Ácido epsilon amino capróico (EACA)
Ipsilon injetavel 1 g
Apresentação: Cada frasco-ampola de 20 ml contem: acido epsilon-amino-caproico, 1 g contem: acido epsilon-amino-caproico, 0,5 g; veiculo q.s.p. 5 ml.
Posologia: A dose deve ser ajustada individualmente por paciente, e as doses sugeridas devem ser interpretadas somente como uma diretriz inicial. Recomenda-se aplicar uma dose de ataque de 4 a 5 g durante a primeira hora de tratamento, para atingir uma concentração plasmática de 130 mcg/ml, acarretando inibição da hiperfibrinólise sistêmica.
Indicações: Tratamento das hemorragias em geral, principalmente nas induzidas por hiperfibrinólise e por agentes trombolíticos, no pós-cirúrgico, nas causadas por discrasias sangüíneas (anemia aplástica, púrpuras, hemofilias A e B, leucopenias, leucoses), hemoptises, nefrorragias e metrorragias.
Contra-indicações: Pacientes com trombopatias agudas, pacientes com tendência conhecida para trombose podem usar o produto com cautela. (Vide Bula)
Transamin Comprimidos
Apresentação: Em caixa com 12 comprimidos de 250mg
Posologia: Um a dois comprimidos, 3 a 4 vezes ao dia, ou a criterio medico..
Indicações: Para o tratamento anti- hemorrágico, nos casos decorrentes de hiperfibrinolise.
Contra-indicações: Para portadores de coagulação intravascular ativa, vasculopatia oclusiva aguda e em pacientes com hipersensibilidade aos componentes da fórmula. (Vide Bula)
Transamin Injetável
Apresentação: Frasco-ampola de 2,5 ml/5 ml/10ml, contendo: acido tranexamico.
Posologia: Uma a duas ampolas, uma a quatro vezes ao dia por via venosa ou intramuscular. Antes, durante e após as intervencoes cirúrgicas e nos casos mais graves podem ser aplicadas 2 a 10 ampolas diluídas em soro isotônico cloretado, glicosado ou misto sem qualquer associação medicamentosa. Indicações: No tratamento anti-hemorragico, nos casos decorrentes de hiperfibrinolise. Contra-indicações: Pacientes com trombopatias agudas. pacientes com tendência conhecida para trombose, podem usar o produto com cautela. (Vide Bula)
2.6.1.2 MEDICAMENTOS TÓPICOS
Gelfoam
Apresentação: Envelope com esponja estéril de gelatina absorvível
Administração: Podem ser comprimidas e aplicadas secas à superfície hemorrágica e mantidos no lugar com pressão moderada por 10 a 15 segundos, ou então podem ser saturados com solução fisiológica salina.
Indicações: é indicado em procedimentos cirúrgicos, como auxiliar na obtenção de hemostasia. O gotejamento capilar ou a hemorragia venosa podem ser controlados instantaneamente, no caso de hemorragia arterial intensa, a pressão do fluxo impede a esponja de permanecer firmemente adaptada e a hemorragia pode continuar. Apresenta grande poder hemostático quando aplicada à superfície hemorrágica após saturação com solução fisiológica salina ou simplesmente comprimida e aplicada seca.
Contra-indicações: Não deve ser usado no fechamento de incisões de pele, pois pode interferir na cicatrização. (Vide Bula)
Tissucol
Apresentação: Kits c/ concentrações de 0,5 ml, 1,0 ml, 2,0 ml e 5,0 ml, acompanhados dos respectivos diluentes e equipos.
Administração: A critério do médico, dependendo da área envolvida.
Indicações: é utilizado para promover a hemostasia, vedar ou aderir tecidos e promover a cicatrização de feridas.
Contra-indicações: Hipersensibilidade conhecida a proteínas bovinas. O produto não deve ser injetado na mucosa nasal, pois foram observadas reações alérgico-anafilactóides graves e podem ocorrer eventos tromboembólicos. (Vide Bula)
CONCLUSÃO
Em caso de ocorrência de hemorragia pós-exodontia, o profissional deve saber a conduta adequada a ser tomada, bem como, as orientações que vão prevenir novos episódios hemorrágicos e o tratamento eficiente após o estancamento do sangramento exagerado, como a utilização de medicamentos.
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£ CAVALCANTI, W.E.S. Conduta odontológica para atendimento de pacientes hemofílicos. Revista Méd. Est. RJ. 2(1):25-29, jan./abr. 1979.
£ CAVALCANTI. W.E.S. et al. Conduta odontológica para atendimento de pacientes heofílicos(revisão). Revista
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£ FILHO, FPGS. Fisiologia Oral. Livraria santos editora ldta. 2004.
£ CHIAPASCO, M. Atlas de cirurgia. Editora santos. 2006.
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£ DYM, H. Atlas de Cirurgia Oral Menor. Editora santos, 2004
£ MANDELBAUM, SH. SANT. SANTIS, EPD. MANDELBAUM, MHS. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares - Parte I. An bras Dermatol, Rio de Janeiro, jul/ago. 2003.
£ ARAÚJO, OCA, etal. Rev. Odonto UNESP, Araraquara. nov./dez, Departamento de Odontologia II, Faculdade de Odontologia, UFMA – Universidade Federal do Maranhão, 65080-805 São Luís - MA, Brasil.
£ CARDOSO, CL, etal. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-fac., Camaragibe v.8, n.3, p. 17 - 24, jul./set. 2008.
Dra. Tayssa Florencio é Cirurgiã-Dentista em Caruaru, PE - Brasil. Possui graduação em odontologia pela FOC - Faculdade de Odontologia de Caruaru, 2014. Atua como clínico... Leia mais
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