Benefícios do Flúor na Água de Abastecimento Público e sua Relação com a Fluorose

  Artigo, 30 de Nov de 2012

Flúor X Fluorose

Flúor X Fluorose

Lopes, Rafael A. [1]; Lamers, Fernando [2]

RESUMO

Este artigo é uma revisão literária sobre a adição de flúor à água de abastecimento público, citando seus benefícios contra a cárie dentária e seu efeito colateral que age resultando na fluorose dentária. Através de pesquisas bibliográficas diversas, ficou evidente que os benefícios do flúor são de grande importância e seu efeito colateral é muito baixo em relação as vantagens trazidas a saúde da população. O Flúor é utilizado na odontologia de diversas maneiras, sendo aplicado tanto na forma coletiva quanto individual, mas os resultados positivos da fluoretação das águas de abastecimento público precisam ser aplicados em quantidades que respeitem os parâmetros e limites seguros de dosagens e manutenção de níveis do flúor, caso contrário pode ocorrer a chamada fluorose dentária. É fato comprovado por meios e procedimentos científicos que a utilização dos fluoretos no uso em saúde pública/coletiva traz muitos benefícios, desde que o controle da fluoretação seja feito por empresa de abastecimento de água capacitada e haja um heterocontrole por alguma entidade não governamental evitando que se eleve o nível de flúor, mas também para saber se o nível não está abaixo do mínimo considerado ideal.

Palavras – Chaves: Fluoretação, Água, Abastecimento Público, Fluorose dental

Introdução

A pesquisa apresentada tem o intuito de expor os benefícios que o uso do flúor traz à população e as consequências provocadas pelo uso excessivo e sem controle sanitário desse produto, estando a utilização da fluoretação inserida em um contexto amplo de saúde pública coletiva em todo o território brasileiro.

Os benefícios do flúor foram descobertos no século XX por Frederick Mckay em 1901 e nesta época começou a ser utilizado em saúde pública. No Brasil, a partir da década de 70 a fluoretação passou a ser obrigatório, sendo regulada pela Lei nº 6050, de 24/05/1974. Tendo sua regulamentação ocorrida através do Decreto Federal nº 76.872, de 22/12/1975 e pela Portaria nº 635/Bsb, de 26/12/1975, do Ministério da Saúde. Este aparato jurídico disciplinam a obrigatoriedade do uso do flúor em sistemas públicos de abastecimento de água.Desde então o Flúor é muito utilizado na área Odontológica, usados de várias formas, aplicados em meios coletivos e individuais. Os resultados positivos da fluoretação das águas de abastecimento público estão condicionados a contínua aplicabilidade do flúor, respeitando os parâmetros e limites seguros de dosagens e manutenção de níveis do flúor, pois, quando tais níveis são expostos em excesso no meio bucal pode causar diferentes reações como, por exemplo, a fluorose dentária e por conta disso o flúor deve ser usado de modo racional evitando assim efeitos adversos para a saúde.A fluoretação das águas de consumo público ainda é o melhor meio para redução da cárie dentária por não depender de uma atitude individual, ou seja, atingem toda população de um modo involuntário, basta utilizar a água para beber ou preparar alimentos, cabendo aos órgãos públicos a responsabilidade de inserir a dosagem certa no sistema de tratamento de água pública.Mesmo se mostrando eficiente e de grande importância o uso do flúor ainda é questionado por muitos pesquisadores que dizem serem contra a adição de flúor à água de abastecimento público, alegando que o flúor compete com os outros minerais pelo cálcio, causando problemas na formação dos ossos, como a descalcificação óssea, mas o que se prega quando se indica a utilização do flúor é que seu uso deve ser em níveis baixos e dentro dos padrões já estudados e provados como não tóxicos. Portanto seu uso deve ser continuo e em pequena quantidade trazendo benefícios e evitando efeitos colaterais severos.Atualmente em virtude da obrigatoriedade da Lei, pode ser observado que existe uma dedicação dos órgãos públicos na aplicação do flúor em águas de abastecimento público provando que a utilização de tal produto é essencial no combate a cárie, o mesmo se faz com este trabalho na tentativa de expor com clareza e objetividade que o fluoreto é um instrumento eficiente, eficaz e seguro na prevenção e controle da cárie dentária, desde que seja corretamente aplicado.Deve-se entender a partir das análises desse projeto, que o objetivo é expor o que está cientificamente comprovado sobre a utilização dos fluoretos, destacando-se seu uso em saúde pública/coletiva, como também seus aspectos históricos, mecanismo de ação, fluoretos, principais métodos de utilização e os possíveis riscos a eles inerentes.

Revisão de Literatura

O uso adequado do flúor nas águas de abastecimento público

O flúor possui efeito benéfico aos dentes quando exposto em quantidades controladas. Com base na Portaria 635/75 e na média de temperaturas máximas registradas nas capitais os níveis ideais de flúor na água varia entre 0,6 mg/l de água à 0,8 mg/l, sendo considerado ideal que fique a 0,7 mg/l. Indica-se que seja consumido uma média diária de até 0,07 mg/kg de flúor através da ingestão de água, evitando, assim, o surgimento da fluorose dentária e auxiliando a manter o controle da doença cárie. As organizações internacionais da saúde indicam a fluoretação das águas de abastecimento público, entendendo ser este um eficiente e eficaz método de prevenção da cárie dental.

O flúor é um importante mineral usado na prevenção à cárie dentária e remineralização do esmalte, profissionais usam esse recurso como coadjuvante no tratamento da doença cárie e sua adição a água de abastecimento público tem surtido efeito como tratamento preventivo contra cárie. Esse mineral é uma substância química como muitas outras, usado na prevenção de doenças, com alto nível tóxico, portanto seu uso deve ser controlado, principalmente quando adicionado a água de abastecimento público para que seu efeito seja satisfatório e não traga nenhum problema a saúde das pessoas que utilizam estas águas.

O controle da fluoretação é muito importante, deve ser feito pela empresa de abastecimento de água e o heterocontrole realizado por alguma entidade não governamental, é fundamental para que haja uma fiscalização dessa água. Esse controle é muito importante não só para evitar que se eleve o nível de flúor, mas também para saber se o nível não está abaixo do mínimo considerado ideal, se esse índice for fora do padrão mínimo, seu consumo será em vão, pois pode não ter nenhum efeito.

Estima-se que a transição e maturação essencial do esmalte dentário, em dentes mais suscetíveis a fluorose, ocorrem entre a idade de 20 a 36 meses, porém, o período de exposição a uma concentração maior de flúor é mais relevante que o tempo de risco, devido a isso se indica um maior acompanhamento induzindo a criança a tomar água fluoretada.

De acordo com Buzalaf (2008), à fluoretação das águas é uma das dez melhores medidas de atenção a saúde através do abastecimento público no mundo, pois abrange uma grande parte da população e beneficia distintos grupos socioeconômicos através de seu baixo custo benefício. Destaca-se, também, o uso de flúor em crianças, quando muitas acabam ingerindo quantidade excessiva de flúor através de outros alimentos e bebidas, por via disso sugere-se evitar o uso de água fluoretada para diluir sucos, leite em pó e fórmulas infantis para crianças.

Com base em Frazão, Peres e Cury (2011) O flúor na água em níveis normais em relação à diminuição da cárie é de 40% a 70% e tem poder para reduzir as perdas de dentes em adultos em 40% a 60%, e devido a isso, se dá a importância de manter o flúor na água com o nível controlado evitando seus efeitos colaterais e obtendo êxito.

A fluoretação da água de abastecimento público é tida como um método efetivo quando o assunto é a prevenção de carie dental. Possui importância pública sendo usado como forma de promoção e prevenção de saúde, o método da fluoretação atinge quase toda a população, e independe de classes sociais. É considerado como maior fator de precaução para pessoas que são privadas ao uso de dentifrícios fluoretado (PORTO, et al., 2008).

De acordo com Narvai (2000) A cidade de Colorado Springs, localizada no estado do Colorado, no Condado de El Paso, Estados Unidos, foi o primeiro local a iniciar o processo de adição de flúor às suas águas de abastecimento público onde se estabeleceu a possibilidade de que manchas brancas nos dentes tivessem relação com algum componente químico adicionado a água, quando passaram a avaliar a concentração de flúor nas águas para medir qual seria o índice mais eficaz na proteção dos dentes contra a cárie dental sem causar problemas nos usuários destas águas.

Narvai (2001) em seus relatos expõe que o primeiro município a adicionar a água de abastecimento público no Brasil foi Baixo Guandu, no Espírito Santo, em 31 de Outubro de 1953, que possuía um CPO-D (Dentes cariados, perdidos ou obturados) de 6,23 e onde através da fluoretação das águas se obteve um CPO-D de 2,53, mostrando resultado positivo no uso do flúor em sistemas de abastecimento público e com isso, a partir de 1974 através da Lei nº 6050, de 24/05/1974, do Decreto Federal nº 76.872, de 22/12/1975 e Portaria nº 635/Bsb, de 26/12/1975, do Ministério da Saúde passou a ser obrigatório fluoretar águas de abastecimento público no Brasil

Acredita-se que dentifrícios fluoretados possuem capacidade de oferecer uma proteção maior ao controle da cárie quando ligado à água fluoretada. Em consequência disso, através da fluoretação, uma grande parcela da população ganha benefícios como prevenção a cárie independente de sua classe econômica.

No momento em que o flúor começa a ser ingerido em excesso, tanto em crianças como em adultos, existe uma maior probabilidade de ocorrer fluorose dental no meio oral gerando toxidade aguda ou crônica. Isso acontece quando a quantidade máxima é ingerida acima do limite em uma única dose. Entende-se que o nível de fluorose gerada nos dentes depende da concentração de flúor existente no sangue que é dependente da quantia diária de ingestão e da exposição ao fluoreto e não de uma boa fluoretação de águas.

Atuação do fluoreto no controle da cárie dentária

Quando ocorre perda de tecido duro devido à quedas de ph pela ação de ácidos produzidos por bactérias ocorre o surgimento da cárie dentária. O dente é constituído por um mineral denominado hidroxiapatita e quando o meio bucal está saturado de cálcio e fosfato ocorre perda de mineral do dente. Existe certa quantidade de flúor presente na superfície do esmalte dentário.

O fluoreto começa a possuir efeito sistêmico, após a fase de erupção dos dentes interferindo no processo e de remineralização do esmalte e inibindo o metabolismo bacteriano e para isso é de extrema importância que esteja em constante presença no meio bucal, ou seja, estando aderente a superfície dentária por meio da saliva ou nos tecidos moles e dentários. Isso explica a importância do uso de pastas fluoretadas, mas ainda assim as ações do flúor podem sofrer interferência de composição, ph e concentração.

Para Pinto (2003), a área odontológica esta vivenciando momentos de importantes reduções na incidência de cárie dentária presente em países desenvolvidos ou não. A presença de flúor nos dentifrícios vem sendo um fator eficaz na redução da cárie e por esse motivo considera-se que os meios mais importantes no controle e prevenção da doença são a água e os dentifrícios fluoretados.

Segundo Cury (2002 apud LIMA; CURY, 2001), a fluoretação da água de abastecimento público vem fornecendo benefícios, reduzindo o número de cárie e sendo reconhecida mundialmente, pois os riscos da fluorose dental vêm sido superados pelos melhoramentos na aplicação direta ou indireta de flúor. Logo, acredita-se que apenas a água não resolva o problema, pois muitos fazem uso incorreto de dentifrícios fluoretados e suplementos de flúor, sendo considerados fatores de risco.

Quando o flúor é adicionado à água de abastecimento público é considerado importante e necessário no efeito anti-cárie, portanto o uso excessivo do mesmo tem levado ao aumento na ocorrência de fluorose, principalmente em municípios onde o nível de fluoretos na água de abastecimento público é estimado ótimo, logo, o controle do flúor permite o combate de lesões erosivas, mas o seu uso desordenado pode provocar outros danos.

Atuação do fluoreto nas lesões erosivas

As lesões erosivas passam a existir a partir do momento em que o processo carioso já é grave, passando a ser o resultado do trabalho da doença cárie podendo ser aguda ou crônica. Quando são consideradas lesões agudas elas podem ser tratadas, já nas crônicas podem resultar até a morte dental. “O acesso à água de abastecimento pública fluoretada garante, em média, uma redução de 50 a 60% na severidade das lesões de cárie, medidas pelo índice CPO-D (SAÚDE DA FAMÍLIA, 2006 p.148).

A erosão dentária ocorre no momento da perda da superfície do dente devido à presença de ácidos de origem intrínseca ou extrínseca, como proveniente de sulco gástrico ou de alimentos contaminante sendo exemplo, as bebidas ácidas na qual são as que mais entram em contato com o órgão dentário. Porém, o surgimento de erosões se deve a inúmeros fatores, sendo a saliva também responsável por parte de erosões quando produzida em quantidades menores, mais comumente conhecido como xerostomia. “A lesão cariosa é conseqüência do desequilíbrio entre fatores de desmineralização e remineralização, sendo função direta das condições que mantenham um ph crítico (<5,5) na cavidade bucal (FONSECA; CARVALHO 1997 apud BARATIERI, 1992)”.

Entre as bebidas consideradas erosivas se encontram os sucos, isotônicos e em maior parte os refrigerantes onde se destaca o Red Bull e a Coca-cola. Vários estudiosos incluem o contato com a substância erosiva e o tempo em que permanecem no meio bucal na qual resulta em ataque ácido e posteriormente perda de camada dentária e amolecimento de tecido onde não há retorno. “A função do fluoreto poderá ser o endurecimento da superfície dentária e o aumento da resistência à dissolução de ácidos, em vez da promoção da remineralização” (BARTLETT 2005, p.282).

O fluoreto auxilia no processo de restauração de lesões por meio da deposição de fluoreto de cálcio no dente. Essa ação é considerada preventiva no processo de erosão e pode variar dependendo do ph bucal e tempo de exposição. Enquanto o cálcio está sendo depositado, o flúor forma uma barreira para não ocorrer contato entre dente e substancia ácida e para isso, ele tem auxilio do fluoreto também produzido pela saliva. Fonseca e Carvalho (1997 apud CATE et al., 1981), verificaram que os difosfonatos, os quais são usados como agentes anti-cálculo nas pastas de dente, têm um efeito inibidor sobre a remineralização, e que aplicações múltiplas de flúor em baixa concentração são preferíveis a um único tratamento em alta concentração.

Muitos acreditam que é possível adicionar flúor nas bebidas antes de ingerí-las, sendo possível prevenir a desmineralização dos dentes, mas pesquisadores ainda investigam a possibilidade disso ocorrer de forma concreta. Um exemplo disso ocorre quando se aplica flúor no leite.

De acordo com Buzalaf (2008), a fluoretação do leite é considerada simples e barata, quase todo produto lácteo podem ser fluoretado. O leite fluoretado pode retardar o efeito do ataque ácido e também atua mantendo o controle da desmineralização. É recomendada a concentração de flúor de 5 mg F/L onde uma criança ingere normalmente uma dose de 200 ml por dia sendo 1 mg F. O cálcio presente no leite promove a interseção entre o cálcio e o fluoreto no leite. Outro fator que devemos levar em conta nesse tipo de fluoretação, é que as crianças antes de dormirem ingerem uma mamadeira de leite e não escovam os dentes, por fazerem isso e já dormirem, então a presença do flúor no meio bucal seria de fundamental importância, fazendo a remineralização e contendo o ataque ácido da fermentação dos alimentos no caso a lactose do leite, já que o flúor quanto mais tempo presente no meio bucal, maior vai ser a sua ação de remineralização.

Métodos de aplicação do flúor no meio bucal

Rocha et al (2005), recomenda o uso do fio dental por ser o método mais eficiente e simples de remover placa dental há um aumento de flúor no esmalte depois do uso do fio dental. É sempre bom lembrar que qualquer método aplicado tanto pelo dentista quanto pelo próprio paciente deve-se ter muita cautela, pois a fluorose ocorre quando há falta de cuidado e geralmente quando crianças fazem uso de flúor desacompanhada dos pais e acabam ingerindo pasta.

Segundo Porto (2008), os dentifrícios possuem a capacidade de reduzir o dano em minerais nos dentes quando submetidos à lesões de cárie, também são capazes de ativar a redeposição dos minerais perdidos e assim podem ser considerados como um método preventivo contra a doença cárie. Os géis, através de sua alta concentração, são fortes agentes terapêuticos da cárie. Os vernizes por serem muito concentrados são considerados bastante seguro mais ainda em crianças por apresentar um baixo risco de ingestão. As soluções para bochecho são recomendadas para pacientes que possuem boa coordenação motora para realizar o bochecho corretamente, pode-se medir a quantidade diluindo o flúor em uma colher de chá.

Buzalaf (2008) considera que pode ocorrer redução de cárie em até 30% com o uso de soluções para bochecho em pessoas com alto risco de cárie, fazendo uso diário e semanal e que é uma boa alternativa utilizada como prevenção em programas escolares sendo considerado um método simples, rápido e com bom efeito sobre os dentes. A solução para bochecho mostra um melhor efeito em indivíduos que fazem uso que aparelho fixo e em crianças cuja escovação não é totalmente aceita por não possuir e fazer todos os movimentos necessários no momento da escovação. Já os géis ou espumas não são totalmente indicados por ser mais fácil de serem ingeridos, portanto, sua auto aplicação é proibida para crianças, pode se mostrar efetivo em pacientes que portam aparelhos ortodônticos.

Segundo Rocha (2005), o flúor é também um importante componente no tratamento da sensibilidade dentária, por ter um grande poder de formar cristais de fluoreto aumentando o campo do esmalte e diminuindo o contato de substancias externas com a dentina, que é o fator que causa a sensibilidade. Quanto maior a utilização maior vai ser o depósito de minerais presentes no meio bucal. A aplicação de flúor também esta presente nas clinicas restauradoras através de resinas, muses, géis, ionômero de vidro entre outros.

Narvai (2003) entende que as crianças das cidades quem tem suas águas de abastecimento público fluoretadas, há um nível de 60% de diminuição de cárie dentária após dez anos. Atualmente, aproximadamente setenta milhões de brasileiros são beneficiados com a fluoretação das águas de abastecimento público, ainda é preciso avançar bastante, é preciso fixar metas em saúde bucal para atingir um número maior de pessoas, e assim chegar o mais próximo do controle da doença cárie, e isso só ocorrera quando todos os municípios tiverem a fluoretação de suas águas de abastecimento público a níveis controlados, e que haja um heterocontrole destas águas, por meios de entidades não governamentais afim de que não fique mascarada a sua real eficiência.

Mesmo em países desenvolvidos, como no caso dos Estados Unidos, a doença cárie tem um grande problema de saúde bucal e pesquisas feitas neste país mostraram a grande eficácia da adição do flúor à água de abastecimento público na diminuição da incidência de cárie dental, dando a certeza de que um nível equilibrado de fluoreto no suprimento de água fornece uma proteção significativa contra cáries e com isso permite uma melhora a saúde pública.

O flúor em quantidade elevada, ou seja, acima de 0,8 mg/l de água, consumido em um determinado período de tempo pode causar fluorose desde a mais moderada à mais severa, principalmente em crianças no período de formação dos dentes, porém se esse nível de flúor estiver dentro dos padrões normais, a fluorose ocorrerá em níveis muito baixo, não causando problemas estéticos as pessoas podendo até não ser manifestado em algumas.

A fluoretação e o aumento da fluorose dentária

A fluoretação das águas de abastecimento público ainda é importante medida de saúde pública para muitos países e o grau de tolerância de flúor na água é mínimo de 0,6 e máxima de 0,8 sendo o nível indicado para redução de cárie 0,7. Essa condição faz com que ocorra controle operacional que é executado regularmente pela empresa de saneamento do município, assegurando qualidade da água fornecida ao consumidor, como exigida pela legislação.

Qualquer fluoreto absorvido possui capacidade de causar fluorose dental e isso independe da fonte, seja água fluoretada, dentifrício fluoreto ou alimentos, portanto, água otimamente fluoretada pode causar fluorose podendo ser do nível muito leve e leve. Apenas os dentes que estão sendo formados no esmalte dental estão sujeitos a terem formação de fluorose, logo, as crianças de 2 a 3 anos de idade, são mais suscetíveis ao desenvolvimento de fluorose mesmo se a criança viver em região com abastecimento de água otimamente fluoretada e por via disso, é aconselhável acompanhar as crianças no processo que escovação do dentes e supervisionar a quantidade de pasta utilizada.

A fluorose é visivelmente clínica no momento em que apresenta manchas brancas e/ou linhas transversais que podem se fundir e tornar o dente totalmente branco afetando o esmalte que está sendo formado apresentando diferentes graus de opacidade que se mostra mais visível quando o dente está seco devido à presença de opacidade no órgão dental.

A remineralização das manchas brancas pode ocorrer na presença apenas de saliva, no entanto, esse processo é potencializado com o uso de fluídos odontológicos que contenham flúor na qual possui efeito significativo sendo preferível aplicar em alta freqüência desde que em certas quantidades e em baixas concentrações associados a bons hábitos de higiene dental podendo acelerar o processo de remineralização das manchas brancas.

A fluorose dentária precisa ser evitada e isso será possível desde que se respeite a variação na dosagem de flúor em águas de abastecimento público, fazendo uso de instrumentos de mensuração de quantidade de fluoreto condizente com a realidade da população, pois os benefícios da aplicação de flúor são consideráveis e permitem a redução de iniquidades em saúde e o impacto de doenças bucais sobre a qualidade de vida das pessoas, uma vez que a água fluoretada e o uso de dentifrício fluoretado são as formas mais eficientes para a prevenção de cáries.

Discussão

O flúor em quantidade elevada, ou seja, acima de 0,8 mg/l de água, consumido em um determinado período de tempo pode causar fluorose desde a mais moderada à mais severa, principalmente em crianças no período de formação dos dentes, porém se esse nível de flúor estiver dentro dos padrões normais, a fluorose ocorrerá em níveis muito baixo, não causando problemas estéticos as pessoas podendo até não ser manifestado em algumas.

Alguns pesquisadores discordam da importância da fluoretação como necessário à saúde bucal, alegando que a adição de flúor à água compete com os demais minerais existentes, principalmente com o cálcio e que isso pode causar problemas na formação dos ossos, como a descalcificação óssea. mas o que se prega quando se indica a utilização do flúor é que seu uso deve ser em níveis baixos e dentro dos padrões já estudados e provados como não tóxicos. Portanto seu uso deve ser continuo e em pequena quantidade trazendo benefícios e evitando seus efeitos colaterais severos.

É comprovado que o flúor é um importante mineral usado na prevenção à cárie dentária e remineralização do esmalte e cada vez mais profissionais usam esse recurso como coadjuvante no tratamento da doença “cárie” e sua adição à água de abastecimento público tem surtido efeito como tratamento preventivo. Os níveis ideais de flúor na água varia entre 0,6 mg/l de água à 0,8 mg/l, sendo considerado padrão aquele que fique a 0,7 mg/l.

É um produto com alto nível de toxidade, logo, precisa ser usado com cautela principalmente ao ser adicionado a água de abastecimento público e somente assim, seu efeito será satisfatório e não traga possíveis problemas à saúde daqueles que fizerem uso da água tratada.

Sendo o controle da fluoretação de grande importância precisa ser feito pela empresa de abastecimento de água, tendo um heterocontrole, realizado por alguma entidade não governamental, onde será possível evitar manter o nível de flúor tolerável, ou seja, nem acima e nem abaixo do normal, tido como ideal, pois se este índice for fora do padrão mínimo, seu consumo será em vão, uma vez que não surtirá nenhum efeito e se for acima poderá acarretar fluorose dentária.

A situação da qualidade de vida da sociedade brasileira nas últimas décadas melhorou consideravelmente quando o assunto é saúde e dentro dessa realidade, o sistema de abastecimento público exerceu um papel fundamental, logo, o uso do flúor também teve seu lugar de destaque permitindo a prevenção de cárie dentária, logo a utilização deste produto além de ser mantida deve ser também monitorada.

De acordo com o Comitê Técnico-Científico de Assessoramento à Área Técnica de Saúde Bucal, "não fluoretar ou interromper sua continuidade deve ser considerada uma atitude juridicamente insustentável e socialmente injusta”. Em suma é preciso compreender que manter a fluoretação da água de abastecimento é o que melhor se pode fazer para que se tenha um controle parcial da cárie.

Considerações Finais

São muitos os benefícios da fluoretação da água em abastecimento público, dentre estes é importante citar o combate ao aumento da cárie, sendo seu uso necessário desde que não provoque a fluorose dentária.

É fato comprovado que seu uso auxilia na eliminação das bactérias causadoras da placa bacteriana, prevenindo o aparecimento de cáries, proporcionando uma boa higiene bucal, porém, é preciso certas normatizações objetivando a qualidade e o controle do uso de flúor para que não haja possíveis inconformidades, defeitos, ou situações indesejáveis no que diz respeito a sua utilização, já que o uso em excesso pode causar o que se chama de fluorose dentária.

Necessário se faz, que em todos os sistemas de abastecimento de água pública estabeleça uma concentração tal de flúor nas águas que seja capaz de produzir o máximo benefício de prevenção de cáries e o mínimo tolerável de fluorose dentária nas populações expostas, principalmente pelo fato de que qualquer fluoreto absorvido pode causar fluorose dental independente se é água fluoretada, dentifrício fluoreto ou alimentos, portanto, água com flúor elevado pode causar fluorose.

Mesmo com a existência de Leis, Decretos e Portaria concernentes ao assunto, os órgãos de fiscalização devem ficar em alerta e quando preciso buscarem alternativas que sejam capazes de solucionar possíveis problemas oriundos do excesso ou da inexistência de flúor na água através da exigência de manutenção e monitoramento do flúor nas águas, determinando também os diferentes meios em que o fluoreto de sódio pode ser aplicado na cavidade bucal visando diminuir os danos que podem ocorrer se forem utilizados de maneira inadequada.

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[1] Discente do curso de Odontologia do Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) – Dourados (MS). Contato: rafaellopes7q@hotmail.com

[2] Docente do curso de Odontologia do Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) – Dourados (MS). e-mail para contato : lamers@terra.com.br

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Dr. Rafael Lopes

Cirurgião-Dentista

 Sete Quedas , MS

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Clínico Geral

Especialista em Implantodontia ( I O P G )

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