Educação em Saúde Bucal: Novos Conceitos e Percepções

  Artigo, 04 de Out de 2010

UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA

CURSO DE ODONTOLOGIA VASSOURAS 2009 

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus mestres que tiveram a árdua tarefa de me educarem e me ajudarem no desenvolvimento desse trabalho que se apresenta.

Em especial a vocês: Dra. Maria Cristina A. Sousa e Dra Maria Urânia Alves pela paciência e amparo motivadores conseguindo sempre um horário para mim em suas agendas tão cheias.

Ao Dr. Sileno Correa Brum pela liberdade da qual dispusemos no decorrer de nosso curso na qualidade de exímio professor sendo um exemplo de pessoa e ser humano a todos nós, um educador dos educadores.

Aos meus pais pelas infinitas chances que me deram e por nunca terem desistido dos nossos sonhos em comum.

Aos meus amigos e colegas de classe que me receberam como um verdadeiro irmão e estiveram comigo em momentos tão delicados.

Dedico também esse trabalho aos meus ancestrais sem os quais esse seria impossível e, realmente, a todas as pessoas que participaram do todo de tudo de até agora, mesmo que estejam sem seus respectivos nomes aqui mencionados.

Dedico à Pátria e a seus filhos, a meus amigos (Profs. Dr. Fabrício Ledraper Vieira e irmãos Dr. Rodrigo Ledraper Vieira e Dr. Felipe Ledraper Vieira), meus irmãos espirituais e ao Dr. Antonio Fábio Vieira, meu pai profissional, e Dr. Carlos Bruno, o guardião dos guardiões da sabedoria, homem justo e bom.

Agradecimentos

Agradeço a Deus, a meus ancestrais, agradeço à pátria, agradeço a meus pais, agradeço meus irmãos, agradeço a meus amigos, agradeço a meus inimigos, agradeço a meus criados, agradeço aos meus mestres e professores, agradeço a todas as coisas do universo, pois só dentro desse sentimento amplo de gratidão é que tudo isso foi possível para que todas as coisas dos céus e da terra tornassem meus amigos numa recíproca constancia de agradecer.

Epígrafe

A Cura 

Existirá Em todo porto tremulará A velha bandeira da vida 

Acenderá Todo farol iluminará Uma ponta de esperança 

E se virá Será quando menos se esperar Da onde ninguém imagina 

Demolirá Toda certeza vã Não sobrará Pedra sobre pedra 

Enquanto isso Não nos custa insistir Na questão do desejo Não deixar se extinguir 

Desafiando de vez a noção Na qual se crê Que o inferno é aqui 

Existirá E toda raça então experimentará Para todo mal A cura

Autor: LULU SANTOS/ NELSON MOTTA

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo geral a identificação da importância das atividades educativas realizadas em Saúde Bucal Coletiva em detrimento aos índices epidemiológicos das doenças bucais mais comuns como: a cárie e as doenças periodontais, bem como o da placa dental em comunidades com públicos-alvo das mais diversas gerações, modificáveis ou não, visando principalmente o fator de prevenção e analisando o impacto dessas atividades educativas efetivadas na população adstrita. Determina-se também a importância da articulação de entidades de ensino superior vinculadas ao programa de Saúde Bucal Coletiva por meio dos ensinamentos teóricos e práticos para os acadêmicos em odontologia a serem inseridos no trabalho com os profissionais já atuantes nessa área em forma de estágio supervisionado. Assim, utilizou-se como metodologia para o estudo uma vasta revisão de literatura composta de vinte artigos científicos e a vivência acadêmica nesse novo campo de atuações e práticas onde se constatou que as atividades educativas são de suma importância na geração de periódicos epidemiológicos favoráveis. O que ocasiona a redução de custos do sistema e que o impacto direto dessas atividades é a transformação social na aquisição de novos conceitos. Quanto à importância das entidades de ensino superior junto ao grupo de acadêmicos agregados ao sistema em conjunto com os profissionais de saúde já atuantes nas Unidades de Saúde da Família é que essas três esferas constituem uma chave cíclica primordial que gera recursos humanos, o melhor preparo dos possíveis futuros profissionais dessa área e a reciclagem dos que nela já atuam.

Palavras-chave: Saúde bucal Coletiva, Atividades educativas e Saúde bucal, avaliação epidemiológica, Programa de Saúde da Família, Participação comunitária

Abstract 

This study aims to identify the general importance of the educational activities carried out in Oral Health over the epidemiological indices of the most common oral diseases as caries and periodontal diseases and the dental plaque in communities with audiences from different generations, modifiable or not, mainly targeting the factor prevention and analyzing the impact of these educational activities effect the enrolled population. Determine also the importance of linking higher education entities linked to the program of Oral Health through the theory and practice for students in dentistry to be inserted in working with professionals already working in this area in the form of supervised practice. Thus, it was used as a methodology for studying a wide literature review consists of twenty papers and academic experience in this new field of actions and practices which found that education is of paramount importance in the generation of periodic epidemiological conditions. What causes the reduction of system costs and the direct impact of these activities is the social transformation in the acquisition of new concepts. The importance of higher education entities with the group of scholars added to the system in conjunction with health professionals already working in the Health Units of the Family is that these three spheres is a key cyclical primary generating human resources, better staff possible future professionals in this area and recycling of those already working in it.

Keywords: Oral Health, Health education and oral health, epidemiological assessment, Health Program Family, Community Participation

Sumário

1- Introdução

Através da revisão de literatura, o presente trabalho identificou a importância das atividades educativas realizadas em saúde bucal coletiva em comunidades com público-alvo visando assim seu aspecto preventivo.

Logo, analisou-se o impacto das atividades educativas no recém criado Programa de Saúde da Família (PSF) como sendo a única forma de transformação social e sua importância conjunta com a articulação de entidades de ensino superior incluídas neste conceito, reconhecendo-se assim os choques culturais que por muitas vezes ocorrem no desenvolver dessas práticas no processo ensino-aprendizagem, bem como a geração de recursos humanos que são proporcionados.

A metodologia utilizada foi composta de uma extensa revisão de literatura na qual se utilizou vinte artigos científicos sobre Saúde Bucal Coletiva, bem como a vivência acadêmica efetuada nesse campo.

Assim sendo, tais atividades e práticas foram realizadas no município de Vassouras, situado na Região Sul Fluminense do estado do Rio de Janeiro em conjunto com os alunos e professores da Universidade Severino Sombra (USS) nos dois últimos períodos da conclusão do curso de odontologia correspondentes ao ano de 2009.

Para tanto, utilizou-se das reuniões de planejamento e resultados no intuito de trocar idéias e experiências vivenciadas pela parte acadêmica, sendo estas reuniões compostas de um total de quatro no referido tempo, sendo duas de planejamento seguidas de mais duas que compunham o quadro de seus resultados a serem discutidos.

O presente trabalho se justifica nos estudos de Finkler et al. (2006), que apontam a produção científica Brasileira da odontologia muito aquém do seu potencial expressando assim uma grande debilidade tanto de ordem financeira de seus recursos, quanto de seu conteúdo teórico-metodológico.

O estudo apresenta a hipótese de que a constância e as adaptações adequadas no emprego das atividades educativas e a efetividade da articulação de entidades de ensino superior agregadas ao programa de saúde bucal coletiva são os fatores de maior importância, pois proporcionam a aceitação de novos conceitos por parte da população fazendo com que esta esteja focada nos mesmos objetivos propostos pelos profissionais de saúde, alem de preparar melhor os futuros profissionais atuantes nessa área.

A motivação para a realização desse estudo tem base na concepção de que existem vários fatores primos interferentes em saúde bucal coletiva para a obtenção de seus ideais. Tanto a educação preventiva quanto a integração das entidades de ensino superior e da recíproca objetiva da população. O estudo realizado teve a finalidade de contribuir com essas discussões enriquecendo-se assim as análises sobre o tema. 

A metodologia deste estudo foi constituída de duas partes distintas onde na primeira, utilizou-se de uma extensa revisão de literatura constituída de vinte artigos entre os anos de 1993 a 2009 sobre o tema em Saúde Bucal, enfocando principalmente o fator educacional para com a comunidade num contexto geral, demonstrando assim seus efeitos significativos.

A segunda parte que constitui a metodologia do presente trabalho foi constituída pela vivência e práticas efetuadas nesse campo de conhecimentos como grade curricular a ser cumprida em forma de estágio supervisionado pelo curso de odontologia da Universidade Severino Sombra da cidade de Vassouras (R.J), seguindo-se um programa constituído de duas reuniões por semestre no presente ano de 2009, sendo que a primeira constitui os planejamentos das atividades a serem realizadas e a segunda sobre a troca de experiências vividas e a efetividade da programação anteriormente idealizada.

Assim, foram um total de quatro reuniões no decorrer do ano onde nas de planejamento começou-se pelas visitas às unidades de forma a identificarmos as micro-áreas de risco, selecionar as famílias a serem atendidas verificando a necessidade de agendamento para atendimentos odontógico, marcação do local e horário das atividades educacionais tanto para as crianças quanto para seus responsáveis e, por fim, a realização dos atendimentos individuais agendados anteriormente.

Já nas reuniões relacionadas à efetividade dos programas propostos, pode-se fazer um bom levantamento de seus resultados na troca de informações, o que por fim gerou o presente trabalho

2 - Revisão de Literatura

Minayo (1993), reforça que a educação por ser um instrumento de transformação social, propicia a reformulação de hábitos e a aceitação de novos valores, assim como a melhora na auto-estima e, em específico nas crianças, é imprescindível motivar os pais para que se concretizem sobre a real importância da saúde bucal para a saúde de seus filhos, agindo portanto como co-autores dessa educação até que atinjam a plena autonomia

Cordon (1997), determina que o principal e primeiro elemento da agenda dos trabalhadores em saúde bucal coletiva é o fato de que o dentista sozinho não pode resolver todos os problemas, que requerem para sua solução uma equipe de saúde bucal integrada à equipe de saúde do SUS. Acrescenta também o fato de uma agenda de saúde bucal ser algo que não faz parte da realidade brasileira, atendendo muito bem à literatura internacional.

Martins, Teixeira e Valença (1998), rejeitam as atividades educativas como simples transferência de conhecimentos, habilidades e destrezas. Evidenciam, dessa forma, que se deve estimular e consolidar o papel de educador, desejável em profissionais da área de saúde. Para que o processo educativo seja efetivo há necessidade de programar atividades que favoreçam as relações interpessoais principalmente entre docente/ discente

Tomita e Fagote (1999), verificaram a eficácia de um programa preventivo direcionado para pacientes especiais, que contou com a participação dos pais/responsáveis. Sendo que este estudo foi realizado com 52 pessoas especiais. O diagnóstico das condições de saúde bucal deste grupo foi realizado através da prevalência de cárie e placa bacteriana dentária. Foram realizadas 3 reuniões bimestrais com os pais e/ou responsáveis, nas quais era entregue um questionário, realizadas palestras, discussão das dúvidas mais recorrentes e necessidade de reforço periódico dos conceitos de prevenção em saúde bucal. Os pacientes foram examinados a cada sessão, visando avaliar a eficácia das medidas preventivo-educativas adotadas. Entretanto, a situação atual de saúde bucal dos pacientes especiais tem sido pouco estudada e dados fiéis de estatísticas são escassos no Brasil. Esta realidade atinge cerca de 10% da população brasileira, hoje representada por cerca de 15 milhões de deficientes, em sua maioria assistidos esporadicamente, em caráter de emergência. Assim, enfatiza também a falta de vivência clínica dos cirurgiões-dentistas e de recursos odontológicos, mesmo nos centros hospitalares, para tratamento preventivo, cirúrgico-restaurador e reabilitador bem como a falta de recursos financeiros, contribuem para que sejam adotadas soluções extremas, como por exemplo exodontias múltiplas.

Ely (2002), comenta que a política de saúde no referido período alcançou importantes avanços na descentralização técnica e financeira, na implantação de ações intersetoriais na normatização das condições de biossegurança nos estabelecimentos odontológicos, no apoio técnico material às ações coletivas.

Aerts, Abegg e Cesa (2004), informam que o monitoramento da cárie dentária e da doença periodontal é fundamental em saúde coletiva. “O planejamento e avaliação de controle dessas doenças na coletividade. Para tanto, inquéritos epidemiológicos periódicos devem fazer parte do elenco de atividades da vigilância epidemiológica”.

Alves, Volchan e Haas (2004), citam que a educação, por ser um instrumento de transformação social, propicia a reformulação de hábitos e a aceitação de novos valores, assim como melhora da auto-estima. Mostraram que as atividades de educação para a saúde interativa com a comunidade podem promover a conscientização, tanto dos alunos quanto dos responsáveis pelas crianças sobre sua co-responsabilidade para a melhoria das condições de saúde bucal da coletividade. Através de uma abordagem humanística mais próxima da realidade social e menos tecnicista é que grande parte dos problemas da doença cárie e periodontal que acometem as populações infantis poderão ser minimizados.

Carvalho e Araújo (2004), mencionam a importância da saúde bucal para o bem-estar na reabilitação e a aceitação social de pacientes com distúrbios mentais sendo um fato inquestionável e do conhecimento não só dos dentistas, como também dos especialistas em saúde pública.

Para Matos e Scatena (2004), a articulação entre as instituições de ensino superior e os serviços públicos de saúde repercute de algum modo, na formação de recursos humanos na recentemente iniciada saúde da família, deixando antever que há muito por percorrer. Assim, o presente estudo mostra na percepção dos formadores, espaço para mudanças institucionais visando à adequação do currículo em direção às propostas da Lei de Diretrizes e Bases. Sendo que este processo está em andamento e, em uma espécie de agenda em dois tempos, em que as transformações mostram resultados incipientes, pode-se antever na fala dos Estudantes uma concepção um pouco mais ampliada de Saúde Coletiva.

Oliveira et al. (2004), pautados no trabalho estatístico realizado, constataram que em concordância com os resultados obtidos pode-se concluir que nos houve uma diminuição estatisticamente significativa no índice de placa dental, decorridos dois meses de realização do programa de ensino de cuidados e motivação da higiene oral, com os pacientes especiais, comprovando a eficiência do projeto. Houve também a participação efetiva da maioria do grupo de alunos voluntários da Universidade Tiradentes-SE no programa, contribuindo muito para o alcance dos resultados satisfatórios.

Pauleto, Pereira e Cyrino (2004), fazem menção ao texto constitucional que formula o Sistema Único de Saúde (SUS), sua regulamentação e outros textos normativos constituem as bases legais para as ações de saúde bucal no SUS, propondo seguir os mesmos princípios que regem a dimensão macro da saúde, ou seja, um direito básico acessível a todos os cidadãos, pautado na universalidade, na eqüidade, na integralidade, compondo um sistema descentralizado, hierarquizado em diferentes níveis de complexidade, e que esteja regulado através do controle social (Silveira Filho).

Pucca (2004), conclui que apesar de ter sido lançado há pouco mais de um ano, os primeiros resultados do Brasil Sorridente já podem ser percebidos em diversas frentes de atuação. Hoje já são mais de 10 mil equipes de saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família. No período entre dezembro de 2002 a maio de 2005, o número de equipes cresceu 141,3%, passando de 4.261 para 10.285. Com esse aumento, cresceu também o número de municípios atendidos. Em 2002 eram 2.302 localidades; hoje já são 3.436. Assim, o Ministério da Saúde aumentou de 26 milhões para quase 53 milhões o tamanho da população adstrita pelas equipes de saúde bucal.

Finkler et al. (2006), constataram que a produção científica Brasileira da Odontologia em Saúde Coletiva estava muito aquém do seu potencial, expressando uma importante debilidade, tanto na ordem financeira como teórico-metodológica, para o desenvolvimento desse campo de conhecimentos e práticas

Mesquini, Molinary e Prado (2006), citam que as melhorias efetivas na saúde só podem ocorrer quando toda comunidade e também todos os profissionais de saúde compartilharem do mesmo objetivo,o qual seguramente deve ser a prevenção primária da doença.

Narvai (2006 a), fala da necessidade de mudanças radicais no âmbito da Saúde Bucal Coletiva, de modo refazer e digerir os protocolos atuais de forma a atualizá-los dentro de novos conceitos e padrões.

Narvai (2006 b), cita que a odontologia teve a tarefa histórica de produzir uma prática odontológica que rompesse com a odontologia de mercado – e fracassou. No trabalho, o autor indica os elementos essenciais de uma agenda para a saúde bucal coletiva, com base nas proposições apresentadas na 3ª. Conferência Nacional de Saúde Bucal.

Segundo Volpato e Scatena (2006), os procedimentos selecionados para análise consistem de todos os procedimentos odontológicos, inseridos na “Tabela do SUS” e que já foram informados pelo Município no SIA-SUS. É importante ressaltar que os procedimentos informados não permaneceram inalterados durante todo o período selecionado para estudo. Em outubro de 1999, houve uma alteração na nomenclatura com a inclusão de novos procedimentos, fato que não constitui grande problema metodológico, pois a diferenciação ocorreu apenas na definição do procedimento (o procedimento, em si, permaneceu inalterado); ademais, existe uma tabela de conversão da definição antiga para a atual.

. Gontigio et al. (2007), mencionam a experiência com acadêmicos de odontologia na área de saúde bucal coletiva e apresentam aspectos de maiores contribuições do projeto na visão dos estudantes, aquelas atribuídas ao ciclo clínico do projeto em si, onde proporciona o contato “profissional”em detrimento das experiências vivenciadas, possibilitando assim colocar em prática o que foi planejado.

Peres et al. (2007), citam um novo protocolo para ações de saúde coletiva aprovado pelo comitê de ética sob o protocolo n. 92/2004 que objetiva uma padronização no armazenamento, distribuição e o devido uso do material de higiene bucal se buscado assim maiores efetividades do serviço.

Almeida e Araújo (2009), expõem um manual do cirurgião-dentista no atendimento do SUS enfatizando claramente uma das funções mais importantes que é a do agente comunitário de saúde que articula e agenda consultas médicas e odontológicas e outros tipos de procedimentos programáveis fora da unidade de saúde coletiva.

Oliveira et al. (2009), ressaltam a importância estratégica no que se refere à utilização de material de apoio, observando no presente estudo, que parte das atividades educativas devem utilizar diversas técnicas entre as quais devem estar inseridas dramatizações, construções de atividades lúdicas, crítica de vídeos, exposições dialogadas dentre outras, havendo nessas práticas, a necessidade de usar linguagens adequadas ao público-alvo.

Peres et al. (2009), fazem por elucidar a função do cirurgião-dentista na Saúde do Trabalhador, estabelecendo como atender o trabalhador de maneira que ele receba atenção específica para suas necessidades. A inserção do cirurgião-dentista nos ambulatórios de saúde do trabalhador torna-se uma alternativa de atendimento odontológico à população adulta, uma vez que, no que se refere à saúde bucal do adulto, há um hiato no cumprimento dos princípios doutrinários do SUS de universalidade, eqüidade e integralidade de atendimento a toda população.

3 - Discussão 

Há uma unanimidade entre os autores pesquisados que educação em saúde bucal é o processo pelo qual as pessoas ganham conhecimento, se conscientizam e desenvolvem habilidades necessárias para alcançar a saúde bucal através do auto cuidado. Portanto, ela é focada em diferentes oportunidades de aprendizagem devendo basear-se na promoção de saúde e, em particular a saúde bucal a qual deve ser multi profissional

Os autores pesquisados citam que os processos e os protocolos definidos pelas políticas de Planejamento de Saúde da Família no âmbito da Saúde Bucal, devem seguir um padrão dialético e contínuo para o crescimento e inclusão de novos padrões que venham a atender novas demandas, afirmando e concretizando ainda outras ações em desenvolvimento e andamento que, por vezes, ficam somente no plano das idéias.

Assim, de acordo com os autores pesquisados, pode-se notar que nos últimos dez anos, tem havido articulações de instituições de ensino superior com os serviços públicos de saúde, daí decorrendo políticas bem sucedidas em sua continuidade e tendendo a ampliar-se em futuro próximo, passando a ser mais abrangente e com maior efetividade.

Cordon (1997); Tomita e Fagote (1999); Ely (2002) estão de acordo em que o dentista sozinho não pode resolver todos os problemas, os quais requerem uma equipe de saúde bucal integrada à equipe de saúde do SUS. As ações de educação em saúde demandam, para sua realização, não só de material de apoio como também profissionais de diversas áreas da saúde que, integrados consigam motivar as pessoas para o auto cuidado e realizar atividades preventivas.

A quase totalidade dos autores enfatiza que a falta de vivência clínica dos cirurgiões-dentistas e de recursos odontológicos, mesmo nos centros hospitalares, para tratamento preventivo, cirúrgico-restaurador e reabilitador, funcionários, falta de recursos financeiros, contribuindo para adoção de soluções extremas, como exodontias múltiplas. Contudo, a não valorização da educação de saúde bucal, por grande parte da população aliada à falta de reforço contínuo de ações educativas e preventivas, causados, talvez pela a falta de número adequado de profissionais de saúde encarregados de tal função, constituem o maior impasses desse quadro .

Todas essas questões podem agravar as condições de saúde bucal, processos cariosos muito evoluídos, podendo necessitar de tratamentos restauradores e ou reabilitadores mais onerosos.

Cabe destacar que Pucca (2004), ressalta que apesar de ter sido lançado há pouco tempo, os primeiros resultados do Brasil Sorridente já podem ser percebidos em diversas frentes de atuação, com o que concordam Pauleto; Pereira e Cyrino (2004), assim como Lima; Jardim e Oliveira ( 2004).

Alves te al.,(2004); Carvalho e Araújo (2004); Oliveira, Rodrigues e Gonçalves (2004) enfatizam a importância da saúde bucal para o bem-estar na população e a aceitação social de pacientes. A autonomia conquistada é imprescindível para condição de saúde bucal satisfatória e melhora na qualidade de vida.

Matos e Scatena (2004); Volpato e Scatena (2006); Narvai (2006 b); Finkler et al. (2006), citam que a articulação entre as instituições de ensino superior e os serviços públicos de saúde repercute de algum modo, na formação de recursos humanos na recentemente iniciada saúde da família, deixando antever que há muito por percorrer. Assim, os recursos humanos necessários ao funcionamento do Sistema Único de Saúde devem ser formados nas Instituições de Ensino Superior, que devem incluir em seus projetos pedagógicos módulos de ensino sobre políticas públicas.

Narvai (2006 a), cita que a odontologia teve a tarefa histórica de produzir uma prática odontológica que rompesse com a odontologia de mercado – e fracassou. Nesse trabalho, o autor indica os elementos essenciais de uma agenda para a saúde bucal coletiva, com base nas proposições apresentadas na 3ª. Conferência Nacional de Saúde Bucal.

Mesquini et al. (2006); Almeida e Araújo (2009); Peres et al., (2009) citam que as melhorias efetivas na saúde só podem ocorrer quando toda comunidade e também todos os profissionais de saúde compartilharem do mesmo objetivo, o qual seguramente deve ser a prevenção primária da doença e ações curativas quando esta já está instalada. Contudo, valorizam as ações educativas como aquelas que primeiramente devem ser desenvolvidas em pacientes livres de cárie.

Oliveira et al. (2009); Gontijo et al. (2007); Peres et al. (2007) fazem menção da experiência com acadêmicos de odontologia na área de saúde bucal coletiva e apresentam aspectos de maiores contribuições do projeto na visão dos estudantes, aquelas atribuídas ao ciclo clínico do projeto em si, onde proporciona o contato “profissional” em detrimento das experiências vivenciadas, possibilitando assim colocar em prática o que foi planejado.

Todos os autores ressaltam a importância estratégica no que se refere à utilização de material de apoio, observando no presente estudo, que parte das atividades educativas devem estar inseridos estes materiais tais como: dramatizações, construções de atividades lúdicas, crítica de vídeos, exposições dialogadas e outras, havendo nessas práticas, a necessidade de linguagens adaptadas e diversificadas para estabelecer um processo de interação educandos-educadores.

4 – Conclusões

Conclui-se, portanto que segundo a metodologia aplicada neste estudo, as ações de educação na política de saúde bucal coletiva são os fatores principais dos conceitos almejados nessa área de novas atuações e práticas que só podem ter suas reais efetividades dentro de um conceito de uma “chave tríplice” de abertura para o sucesso das ideologias dos programas educacionais a serem colocados em prática para a obtenção de seus resultados satisfatórios.

Dito isto, essa “chave” é constituída pelas três esferas atuantes no Programa de Saúde da Família que devem estar constantemente ativadas: entidades de ensino superior, acadêmicos estagiários e profissionais de nível superior atuantes nas unidades de saúde coletiva que fatalmente vão de encontro novamente aos profissionais educadores das entidades educacionais como numa constância cíclica, mas passiva de reformulações de seus protocolos e ideais. 

Portanto, é um fato importante conhecido que, educação gera educação tanto social como profissional, ou seja, para a comunidade em um todo e para os atuais e/ou futuros encarregados dos serviços públicos de saúde bucal coletiva, fazendo deles um grupo mais capacitado e seleto para esse tipo de trabalho, vista a inclusão dos cursos de odontologia nessa política, proporcionando assim modificações sociais importantíssimas, gerando recursos humanos e reciclando sempre todas as “esferas chave” atuantes no sistema, de forma a estarmos sempre atualizados.

Concomitantemente a isto, após a formação e a junção dessas “esferas chave”, abrimos a única porta capaz de adentrar e transformar a sociedade de uma forma generalista que é a da educação modificadora de conceitos sociais, de forma que possamos atrair e motivar a participação da comunidade para um mesmo ideal de saúde que podemos definir como meta final, o auto cuidado adquirido, o que fatalmente irá gerar periódicos de monitoramento epidemiológicos mais favoráveis e fidedignos para uma avaliação do que foi proposto e efetivado, o que permite verificar a eficácia dos programas realizados e o funcionamento da integração de todos os profissionais envolvidos em saúde bucal coletiva, no momento em que se percebe uma considerável redução de custos para tratamentos odontológicos que por fim beneficiam a todos no propósito de melhores remunerações desses profissionais, saúde populacional e o advento de novas propostas de especialidades odontológicas ainda a serem incluídas.

Todavia, não restam dúvidas de que as peças mais importantes desse processo são os agentes comunitários de saúde, pois eles agendam todos os eventos a serem realizados como, consultas médicas, odontológicas, palestras educacionais em lugares diversificados pela disponibilidade, entrega de medicamentos, encaminhamentos e outros tantos.

Referências

ALMEIDA N.S; ARAÚJO M.V.A; ARAÚJO I.C: Atendimento odontológico no SUS: Manual do cirurgião dentista. Medcenter art. [acessado em 21 de maio de 2009]. Disponível em http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=658

AERTS D; ABEGG C; CESA K: O papel do cirurgião dentista no Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.9, n.1, p.1-10, 2004.

ALVES M.U; VOLSCHAN B.C.G; HAAS N.A.T: Educação em Saúde Bucal: Sensibilização dos Pais de Crianças atendidas na clínica Integrada de Duas Universidades Privadas. Pesq. Bras. Odontoped. Clin. Integ, v.4, n.1, p.47-51, Jan./Abr., 2004.

Envie seu comentário

Cadastre-se grátis e opine sobre este artigo.

Autor

Veja mais

João Miguel

Cirurgião Dentista Implantodontista

 Guarabira, PB

Especialista em: clínica geral(2005), cirurgia bucomaxilar menor(2008), periodontista(2010), , ortodontista(2014) , protesista(2016) e implantodontia(2013), cirurgias... Leia mais

Cursos Online em destaque

Pesquisar produtos

Veja mais no Catálogo

Você é dentista?

Crie seu perfil para interagir com João e mais 160 mil dentistas.

Conecte-se com Facebook