O desenvolvimento de novas tecnologias nas partículas de carga e na matriz monomérica dos compósitos permite melhorias nas propriedades mecânicas e redução significativa nas tensões de contração de polimerização das resinas com-postas. Novos materiais foram desenvolvidos com o intuito de facilitar a prática clínica diária e otimizar os resultados obtidos. Nesse con-texto, já está à disposição no mercado nacional uma resina composta de baixa viscosidade com a propriedade de autonivelamento na cavidade, pelo bom escoamento e ótima adaptação às paredes da cavidade a ser restaurada, com baixa tensão de contração, que pode ser polimerizada em incrementos de 4,0 mm. Esse material tem como diferencial técnico a facilidade de inserção como incremento único, sem os problemas gerados pela contração de polimerização de um grande volume de resina composta, e sem os problemas causados pelo baixo grau de conversão das regiões mais distantes da fonte de luz. Portanto, com esta dica destacamos a técnica restauradora em um dente posterior, cujo com-pósito de baixa tensão de contração, aliado a um novo sistema de matrizes seccionais, permite a otimização do procedimento restaurador com resultados extremamente satisfatórios.
Sem dúvida um dos pontos mais críticos em restaurar a face proximal de dentes posteriores com envolvimento da crista marginal é a obtenção de um bom ponto de contato. Devido à característica de baixa viscosidade, que permite excelente adaptação nas caixas proximais, aliada à facilidade técnica de manipulação, a resina composta Surefil SDR Flow favorece a confecção de restaurações em preparos de maiores dimensões com envolvimento do ponto de contato, como no presente caso, na substituição de uma restauração de amálgama por resina composta. A substituição da restauração de amálgama deve ocorrer com o campo operatório devidamente isolado com o dique de borracha, e a remoção do amálgama deve ser feita com uma ponta diamantada em forma de carretel #1046, sob constante irrigação. Devido ao formato, essa ponta ativa remove com eficácia e rapidez o material e minimiza a possibilidade de exposição acidental da polpa em cavidades mais profundas.
A hibridização do substrato a ser restaurado é outro ponto crucial para a longevidade da restauração. Cabe ao profissional eleger um bom sistema adesivo com características hidrófilas e hidrófobas no mesmo material, pois temos dois substratos de natureza distinta a ser restaurados no presente caso. O sistema utilizado foi o XP Bond, que preconiza o condicionamento prévio do esmalte e da dentina. A grande vantagem desse sistema é que não apresenta diferença de resultados quando aplicado em dentina úmida ou seca. Esse produto possui atestada eficácia clínica e laboratorial e demonstra baixíssimos índices de sensibilidade pós-operatória.
Uma das maneiras de se obter um bom ponto de contato com resinas compostas é a seleção de um correto sistema de matriz. As matrizes parciais segmentadas são os melhores dispositivos para essa finalidade. Um novo sistema de matrizes parciais, mais completo e aprimorado, permite um excelente ponto de contato. O sistema Palodent Plus dispõe de matrizes metálicas seccionadas de diferentes tamanhos. No kit existem pinças próprias para inserção, além de um sistema de cunhas plásticas flexíveis, cujo diferencial está na perfeita adaptação das cunhas, pois uma é inserida no espaço interdental, e abaixo há um espaço próprio para que uma segunda cunha seja inserida e se encaixe perfeitamente na outra, sem provocar injúrias na papila interdental.
Para estabilizar todo esse sistema e promover leve afastamento Inter dentário, o sistema dispõe de anéis com garras em borracha que se encaixam nas cunhas em posição. A hibridização ocorre com o passo operatório do condicionamento com ácido fosfórico do esmalte por 30 segundos, e da dentina por 15 segundos. O ácido é lavado pelo mesmo tempo, e todo o excesso de umidade visível é removido. Dessa forma, a dentina fica aparentemente seca, mas não desidratada. O sistema adesivo XP Bond apresenta em sua composição o solvente butanol, que faz com que os resultados de resistência de união sejam semelhantes na aplicação em dentina condicionada seca e úmida. Assim, elimina a subjetividade do termo “dentina úmida”.
O excesso de umidade é mais prejudicial à interface do que a ausência dela. O adesivo foi aplicado em duas camadas de forma vigorosa, esfregando-o sobre a área condicionada, e jatos de ar foram direcionados à cavidade, para fazer evaporar o solvente. O sistema adesivo foi foto polimerizado com um aparelho de LED Radii Plus (SDI) por 10 segundos. A resina composta Surefil SDR Flow é comercializada na forma de compules, que são acoplados em uma pistola que dispensa o conteúdo na cavidade a ser restaurada e faz com que a resina se acomode por todas as paredes sem a formação de bolhas. As caixas proximais mesial e distal e a caixa oclusal foram preenchidas com a resina, deixando-se pelo menos 1,0 mm até o ângulo cavos superficial.
Após a inserção de forma única, a resina SDR foi foto ativada por 20 segundos, conforme recomenda o fabricante. O compósito SDR não é indicado para a região oclusal, portanto a escultura final referente às cúspides no espaço deixado foi realizada com a resina composta TPH3 na cor A1 (Dentsply) de forma incremental, sendo cada incremento foto ativado por 20 segundos. Finalizado o procedimento restaurador, os ajustes foram realizados após a marcação com papel articular Accufilm, com pontas diamantadas, e o polimento foi realizado com borrachas abrasivas do sistema de polimento Enhance Pogo (Dentsply). Para o brilho final utilizou-se a pasta diamantada Prisma Gloss (Dentsply).
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O uso de um novo compósito de incremento único SDR para preenchimento e nivelamento das cavidades, somado a um excelente sistema de matrizes segmentadas, permite resultados altamente satisfatórios no procedimento restaurador de dentes posteriores. O excelente ponto de contato e adaptação marginal em restaurações de classe II permite afirmar que esses materiais são hoje a melhor opção clínica para restaurar esse tipo de cavidade.
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