Protocolo de Confecção de Prótese Adesiva em Resina Composta Reforçada com Fibras de Vidro Interlig

  Caso clínico, 26 de Out de 2017

Resumo

Introdução

Pacientes que perderam algum elemento dentário e necessitam de restabelecer a área do dente perdido fazem parte da rotina clínica. Para estes casos, a principal opção restauradora é o implante dentário seguido de prótese sobre implante. Contudo, outras situações devem ser consideradas como pacientes que não tem condição financeira para colocação do implante ou não podem passar por procedimentos cirúrgicos mas desejam restaurar a área do dente perdido. Para estes casos, próteses fixas convencionais de 3 elementos poderiam ser uma opção mas elas necessitam de grandes desgastes dos dentes vizinhos o que causaria um prejuízo na estrutura dental desnecessariamente. Mesmo quando o paciente pode receber o implante, muitas vezes não é possível restaurar a área em questão imediatamente após a colocação do implante sendo necessário a confecção de um procedimento restaurador que devolva função e estética com adequada resistência para suportar as forças mastigatórias até a prótese sobre implante ser realizada. Neste contexto, restaurações em resina composta reforçadas com fibra de vidro são uma excelente opção que apresentam longevidade. Autores (Valittu et al, 2004) mostraram uma média de sobrevivência de 93% em 55 meses e Frese et al. em 2014, 85,6% em 54 meses. A alta taxa de sucesso aliada a não necessidade do serviço laboratorial especializado e baixa quantidade de desgaste dos dentes pilares, torna esse procedimento viável e indicado para solucionar diversos casos. O relato de caso a seguir visa detalhar as etapas de confecção de uma prótese com fibra de reforço de fibra de vidro permitindo ao profissional visualizar o protocolo de confecção passo-a-passo e reproduzi-lo no ambiente do consultório.

Figura 1- Após moldagem o silicone por adição o modelo é vazado com gesso especial. Na imagem do gesso podemos observar os detalhes e padrão das caixas ocluso-proximais confeccionadas para inserção da prótese de fibra de reforço Interlig Angelus e resina composta. As caixas proximais devem ter a abertura vestíbulo-lingual mais ampla do que a parte oclusal das mesmas devendo também ser expulsiva para permitir inserção ocluso-cervical da prótese. A profundida da cavidade deve ser de 2 a 2,5 mm e a abertura correspondente a 1/3 do istmo.

Figura 2- Uma camada fina de isolante é aplicada sobre o gesso de forma a evitar que a resina fique aderida ao mesmo. Essa camada deve recobrir as cavidades dos dentes pilares e área do pôntico.

Figura 3- Uma camada de aproximadamente 1,00 mm de resina composta é colocada sobre as cavidades e o espaço para inserção da fibra é criado em forma retangular na própria resina. Essa camada será polimerizada após inserção da fibra. 

Figura 4- A fibra deve ser cortada no tamanho ideal considerando a inserção nos dois elementos dentais e passando pela parte inferior do pôntico conforme pode ser visto na figura acima. Posiciona-se a fibra em seguida posiciona-se mais uma camada de resina sobre a fibra de vidro Interlig – Angelus. Por se tratar de uma fibra pré-impregnada não há necessidade de tratamento da fibra. Então, a polimerização é realizada por 40 segundos em cada dente pilar.

Figura 5- Para iniciar a construção do pôntico, recomenda-se a construção da parte central do mesmo em resina composta de opacidade semelhante a dentina para depois criar uma camada de esmalte.

Figura 6- Finalização da reconstrução com resina de esmalte cromático seguido de esmalte acromático.

Figura 7- Aspecto final da prótese adesiva reforçada com fibra de vidro Interlig – Angelus.

Figura 8- Acompanhamento de 6 meses do caso em questão.

Conclusão

Pelo que foi exposto, acredita-se que o uso de fibras de vidro podem agir reforçando próteses adesivas em resina composta aumentando sua resistência e proporcionando confiabilidade ao procedimento e longevidade. O passo-a-passo descrito permitirá ao dentista reproduzir o procedimento no consultório obtendo estética a menor custo e sem grande prejuízo aos dentes pilares. 

Resumo da técnica de confecção de prótese adesiva de resina composta reforçadas com fibras de vidro Interlig:

Tratamento de superficie e cimentação:

  1. Condicionamento da base da prótese adesiva com ácido fosfórico 37% durante 30 segundos.
  2. Aplicação de Silano Angelus com brush de forma ativa durante 60 segundos.
  3. Para a estrutura dentária deve se realizar procedimento adesivo compatível com o sistema adesivo utilizado (ex. 2 ou 3 passo, autocondionante ou condicionamento ácido total, etc). Os sistemas de cimentação autoadesivos, que não necessitam de tratamento da superfície dentária, estão bem indicados para cimentação deste tipo de prótese.
  4. Aplicar o cimento na prótese e no dente e posiciona-la.
  5. Remover os excessos e fotoativar.
  6. Ajustar a oclusão.

Referências: 

Survival rates of resin-bonded, glass fiber-reinforced composite fixed partial dentures with a mean follow-up of 42 months: a pilot study. Vallittu PK. J Prosthet Dent. 2004 Mar;91(3):241-6.

Fiber-reinforced composite fixed dental prostheses in the anterior area: a 4.5-year follow-up. Frese C, Schiller P, Staehle HJ, Wolff D. J Prosthet Dent. 2014 Aug;112(2):143-9. doi: 10.1016/j.prosdent.2013.10.019. Epub 2014 Feb 12.

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