As próteses parciais fixas adesivas são uma alternativa viável para a reposição de um e até dois dentes ausentes. São de baixo custo, rápida e fácil execução e minimamente invasiva quando comparadas às próteses parciais fixas. Associadas a um material de reforço, como as fibras de vidro, suportam as cargas mastigatórias, aumentando a resistência flexural do compósito. O objetivo deste trabalho é relatar em um caso clínico as etapas de confecção laboratorial e clínica de uma prótese parcial fixa adesiva de resina composta reforçada com fibra de vidro restaurando a função e a estética para o paciente.
Introdução
Nos últimos anos, as técnicas restauradoras que tem como objetivo a preservação de estrutura dental vêm despertando significativa atenção na prática clínica 1,2.
Com o aprimoramento e maior desenvolvimento dos materiais restauradores adesivos, a odontologia moderna tem proporcionando diversas opções clínicas para restabelecer a estética e a função mastigatória ao paciente e satisfação profissional ao cirurgião-dentista. Uma evolução irreversível nas técnicas restauradoras tem sido estabelecida pelo uso dos materiais cerâmicos e poliméricos em detrimento do uso das ligas metálicas 3-6.
A substituição de um elemento dental pode ser realizada utilizando próteses fixas adesivas com maior conservação dos dentes pilares e realizando-se mínimos preparos cavitários para a adaptação do pôntico. No entanto, essa técnica de reabilitação necessita de mecanismos de reforço para suportar as forças mastigatórias 7-10.
O uso dos polímeros reforçados por fibras é relativamente novo na Odontologia e tem sido amplamente utilizado 11-13. As fibras de vidro possuem alta resistência flexural, absorvem e distribuem as forças mastigatórias, melhorando as propriedades físicas e mecânicas do compósito, além de serem materiais estéticos. Podem ser indicadas com sucesso clínico como escolha de estrutura de reforço exercendo função semelhante às infraestruturas metálicas nas próteses parcias fixas metalocerâmicas 14-17.
Este trabalho relata um caso clínico de reabilitação protética utilizando-se uma prótese parcial fixa adesiva em resina composta reforçada por meio de uma infra-estrutura em fibra de vidro com objetivo de restabelecer a função mastigatória e a estética ao paciente.
Paciente gênero masculino, procurou a Clínica do Curso de Pós Graduação em Prótese da EAP ABO- Barra mansa-RJ, com o intuito de reabilitar as ausências dos dentes 11 e 21 e substituir a prótese parcial removível superior (Figura 1).
No exame clínico e radiográfico inicial, constatou-se ausência dos dentes 11 e 21 (Figuras 2 e 3). O paciente possuia uma PPR superior que reabilitava dos dentes ausentes. Após o planejamento e enceramento diagnóstico em modelos de estudo e o paciente estando de acordo com o procedimento, iniciou-se o tratamento reabilitador (Figuras 4 e 5).
Realizou-se os preparos dentais com pontas diamantadas 3131 e 4138 (KG Sorensen, Brasil) nos dentes 12 e 22 (mesio-vestibulo-palatino), inicialmente removendo-se as restaurações de resina composta e posteriormente estabelecendo-se um preparo do tipo inlay, de acordo com Gomes et al., 2004 (Figura 6).
A moldagem foi realizada por meio da técnica de dois tempos, empregando-se uma silicona de adição (HidroXtreme, Coltene, Vigodent, Brasil) e fio de afastamento gengival #00 (Retraflex, Biodinâmica, Brasil) e então os modelos de trabalho foram vazados em gesso tipo IV (Durone, Dentsply, Brasil) (Figuras 7 e 8).
Foi realizada uma prótese fixa adesiva provisória em resina bisacrílica (Provi Plast, Biodinâmica, Brasil) sendo cimentada com cimento provisório a base de óxido de zinco sem eugenol (Provicol, Voco, Alemanha) restabelecendo a função e a estética ao paciente (Figuras 9 e 10).
Após preparo dos modelos, procedeu-se a confecção laboratorial da prótese adesiva. Inicialmente isolou-se o modelo com cianoacrilato (Super Bonder, Loccite, USA) (Figura 11) e preparou-se o pôntico (Fibrex Pôntico, Ângelus, Brasil) observando a adaptação ao modelo (Figuras 12 e 13).
Com os pônticos preparados, aplicou-se silano (Angelus) e adesivo e realizou-se a adaptação ao modelo com auxílio de uma resina flow (Grandioso Flow, Voco, Alemanha) (Figuras 14 e 15). Em seguida foi aplicada uma fibra de vidro Fibrex Medial (Sistema Fibrex Lab, Ângelus, Brasil), constituindo-se o reforço horizontal da prótese parcial fixa adesiva (Figuras 16 e 17).
Concluído a infra-estrutura em fibra de vidro da prótese fixa adesiva, realizou-se o recobrimento estético com resina composta (Grandioso, Voco, Alemanha) (Figuras 18 e 19).
Fotoativou-se cada camada de resina composta com um aparelho de lâmpada halógena (Ultralux, Dabi-Atlante, Brasil) por 20 segundos e optou-se por realizar uma termopolimerização adicional de toda a prótese adesiva em autoclave por 15 minutos com o objetivo de promover uma polimerização mais eficiente do material resinoso, de acordo com Gomes et al., 2004, finalizando-se a etapa laboratorial de confecção da prótese (Figura 20).
Realizou-se o isolamento do campo operatório e posteriormente o condicionamento ácido dos preparos cavitários (Fusion Duralink ácido, Angelus, Brasil) por 30 segundos, lavou e secou-se os preparos e aplicou o sistema adesivo (Fusion Duralink, Angelus, Brasil), inicialmente primer e depois o adesivo com fotoativação de 20 segundos (Figura 21).
O tratamento da peça, nas porções internas dos dentes pilares, consistiu da aplicação do silano (Angelus, Brasil) e adesivo, somente BISGMA (Fusion Duralink, Angelus, Brasil) . O cimento resinoso (Bifix QM, Voco, Alemanha). Adaptou-se à prótese aos dentes pilares com o cimento aplicado aos preparos, removeu-se os excessos com uma espátula suprafill #1 (SS White, Brasil) e fotoativou-se por 60 segundos cada face dos dentes (Figuras 22 e 23).
Após a remoção do isolamento absoluto foi realizado o ajuste oclusal com pontas diamantadas de granulação fina (KG Sorensen, Brasil) e polimento com Sistema Diamond Master (FGM, Brasil) (Figura 24). Foram avaliados os contatos oclusais do paciente, checando-se em máxima intercuspidação habitual, em lateralidade direita e esquerda e em protrusão, e a seguir o polimento final foi realizado (Figuras 25, 26 e 27).
Considerações Finais
A prótese parcial fixa adesiva com resina composta reforçada por fibra de vidro constitui uma alternativa clínica menos invasiva se comparada à prótese parcial fixa convencional.
Realizar um planejamento adequado é importante para o sucesso do tratamento com as próteses parciais fixas adesivas.
Frederico dos Reis Goyatá *
Especialista, Mestre e Doutor em Prótese.
Professor de Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia da UNIFAL – Alfenas-MG.
Professor dos Cursos de Pós Graduação em Prótese e Dentística ABO- Pouso Alegre-MG, CIALF- Alfenas-MG, Funorte- Lavras-MG.
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